Fruto de um investimento de aproximadamente R$ 100 milhões, a nova unidade terá a capacidade de produzir 150 mil metros cúbicos de água de reúso por hora
A VSA, empresa criada a partir de uma Parceria Público-Privada (PPP) entre a Vicunha Serviços, subsidiária do grupo Vicunha, e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), vai implementar uma segunda estação de tratamento de efluentes industriais e produção de água de reúso no Ceará, dessa vez no distrito industrial de Maracanaú, na capital Fortaleza.
Fruto de um investimento de aproximadamente R$ 100 milhões, a nova unidade terá a capacidade de produzir 150 mil metros cúbicos de água de reúso por hora, suprindo toda a demanda da fábrica da Vicunha na região, que é de 100 mil metros cúbicos por hora. O restante, ou seja 50 mil metros cúbicos, será comercializado para outras empresas interessadas.
“Se conseguirmos a aprovação de financiamento [do banco] as obras começam ainda este ano”, afirma Marcel Imaizumi, diretor de operações da Vicunha.
Segundo o executivo, a expectativa é que a nova unidade esteja funcionando em cerca de dois anos.
O projeto tem como objetivo reduzir o uso de água de mananciais (fonte de água doce) nos processos produtivos da indústria, permitindo que esse recurso se destinado prioritariamente para o consumo humano.
A indústria de jeans é grande consumidora de água, chegando a utilizar aproximadamente 5 mil litros para produzir uma peça de calça jeans, considerando desde o cultivo do algodão até o acabamento do produto final. O Ceará, por sua vez, sofre com a escassez de recursos hídricos potáveis, assim como outros Estados da região.
O empreendimento abrange dois sistemas, uma estação de produção de água de reúso e uma estação de tratamento de efluentes industriais. O primeiro coleta e purifica parte do esgoto doméstico dos bairros vizinhos e produz água de reúso, que é utilizada pela indústria em diferentes processos produtivos.
O segundo, por sua vez, trata as águas residuais liberadas pelas empresas e as devolve para o meio ambiente por meio de tubulações subterrâneas – os chamados corpos receptores artificiais – que conectam a estação até os rios mais próximos e que, por fim, deságuam no mar.
“Quando a empresa retira água do manancial, ela está competindo pelo mesmo insumo que também abastece a população”, diz Neuri Freitas, presidente da Cagece.
“Nesse projeto, a água do manancial vai primeiro para a população, e depois o esgoto doméstico é captado e enviado para a indústria, que trata e reutiliza”, explica.
Essa é a segunda iniciativa desse tipo conduzida pela empresa. A primeira, concluída no fim de 2023, encontra-se na divisa dos municípios de Horizonte e Pacajús, região metropolitana da capital cearense, onde a Vicunha possui outra fábrica.
Para essa instalação foram investidos cerca de R$ 60 milhões, sendo R$ 40 milhões custeados por meio de financiamento pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Nessa instalação, a estação de tratamento industrial tem a capacidade de tratar 50 mil litros de efluentes por hora, podendo chegar a 100 mil litros por hora.
Já a estação de produção de água de reúso processa até 60 mil litros por hora, com a possibilidade de expansão para 130 mil litros por hora, diz a empresa. Atualmente, além da Vicunha, também utilizam o sistema de tratamento a Santana Textiles e a Vulcabras Azaléia, e existe a possibilidade de ampliação para outras indústrias que tenham interesse no serviço.
Na avaliação do diretor de operações da Vicunha, além do reaproveitamento dos efluentes domésticos, uma fonte de recurso hídrico importante e pouco utilizada no Brasil, uma das principais conquistas do projeto foram os corpos receptores artificiais, que permitem a devolução dessa água para a natureza sem perdas e nas condições ideais.
“Tenho certeza que é uma grande solução para o futuro”, diz Imaizumi.
Fonte: Valor Econômico
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