Faz pouco tempo acabei de ler Kill All Normies: Online Culture Wars from 4chan and Tumblr to Trump and the Alt-Right, (algo como “Mate todos os normais: guerras culturais online do 4chan e Tumblr a Trump e a Alt-Right”), um livro de 2017 escrito pela irlandesa Angela Nagle.
Gostei mais ou menos. A autora parece ser fascinada por uma figura grotesca, Milos Yiannopoulos (que acabou sendo cancelado pela própria direita e hoje está meio no ostracismo , ainda bem), e isso me irritou um pouco.
Porém, Nagle aponta algo bem interessante em Kill All Normies: que o clichê de filmes sobre a escola americana (American high school) sempre mostrou que os piores machistas eram os que naquele universo altamente hierarquizado seriam os jocks, os atletas do ensino médio, descritos como cheios de músculos e sem cérebro. No entanto, com a internet, agora que podemos ver a vida interna das pessoas, uma das revelações surpreendentes é que o nerd que se considera um cara legal é muito mais cheio de ódio, racista, misógino e invejoso da felicidade alheia que o estereótipo de atleta.
Para ela, a alt-right (a direita alternativa), sem qualquer restrição cristã moral devido ao seu anti-moralismo nietzschiano (embora carregue a maior parte dos preconceitos da extrema direita tradicional), tornou-se mais transgressora e subversiva que a esquerda. Odeia tudo que seja mainstream ou conformista.
De acordo com a autora, meio século depois dos Rolling Stones, depois de Siouxsie Sioux e Joy Division terem flertado com a estética fascista, depois de Clube da Luta, é a hora de por pra dormir os valores da contracultura e criar algo novo. Será?
O post “UMA OU DUAS NOTAS SOBRE KILL ALL NORMIES” foi publicado em 17th September 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva