Esta semana a revista Piauí publicou uma excelente reportagem sobre o caso Mari Ferrer, que denunciou ter sido dopada e estuprada no Café de la Musique, em Floripa, em dezembro de 2018. O acusado foi absolvido em primeira e segunda instância, mas ainda exigimos justiça. Aliás, se você ainda não assinou a petição — que já tem quase 4,5 milhões de assinaturas, uma das mais populares da Change.org –, assine já.
A matéria de João Batista Jr., intitulada “A noite que nunca terminou”, já começa bem: desmontando o desprezível advogado de defesa, responsável por insultar e ofender Mari numa audiência online que ficou famosa. O autor descreve como Gastãozinho se preparou para a audiência de segunda instância: “De gravata de seda azul-bebê, da mesma grife francesa, e Rolex de ouro no pulso, parou diante do engraxate, postado na entrada principal. O engraxate lustrou-lhe os sapatos até que reluzissem. Gastão então cruzou a porta de vidro e entrou na corte convicto de que aquele 7 de outubro de 2021 seria o grande dia de sua carreira de quase três décadas”.
A matéria conta como, a partir da entrada de Gastãozinho na defesa do acusado, Mari “passaria a ser retratada como uma golpista voraz, que estava numa balada colocando-se à venda, tentando atrair algum milionário”. É exatamente isso que vemos até hoje: fake news armadas para difamar Mari e tirar o foco do acusado de estupro. E há inúmeros robôs nas redes sociais prontos pra fazer isso. Se você escrever qualquer coisa pedindo justiça para Mari, já aparecem perfis com 0 seguidores para difamá-la.
A matéria lembra que o acusado mentiu no primeiro depoimento. Mudou totalmente a versão no segundo — e continuou mentindo. Já Mari nunca mentiu. Um detalhe que nem todo mundo sabe é que os “amigos” de Mari foram jantar com o acusado na mesma noite.
O advogado de Mari elenca uma série de provas e pergunta: “Há imagens mostrando a Mariana descendo e subindo do camarim. Ela não conseguia escrever corretamente no WhatsApp, clamava por socorro às amigas. Há a voz da vítima, dizendo que foi abusada. Há um laudo comprovando o rompimento do hímen. E ainda há um laudo dizendo que foi encontrado material genético do Aranha na roupa íntima dela. O que mais é preciso para provar o estupro, se nem imagens nem laudos bastam?”
É muito importante ler a matéria, mas é terrível também. É tudo muito sórdido, e a certeza da injustiça é tremenda. Segundo um inquérito policial, Mari já tentou suicídio três vezes. Com a absolvição do acusado em outubro, Mari e uma tia tiveram que ser internadas por crise nervosa. Mari ficou três dias sem sair da cama. A esperança é que sua luta gerou uma lei com seu nome (que proíbe que outras vítimas de estupro sejam tratadas em audiências como ela foi) e hoje ela cursa Direito à distância. Todes nós torcemos para que ela se reerga logo.
O post “UMA MATÉRIA LONGA E COMPLETA SOBRE A INJUSTIÇA SOFRIDA POR MARI FERRER” foi publicado em 12th November 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva