Minha querida mãe morreu faz exatamente um ano.
Não sei se parece mais ou menos tempo. Às vezes parece que foi anteontem, porque o final de sua vida (acamada em casa, sem conseguir mais andar) foi dolorido, embora ela não tenha sentido dor, ainda bem. Ela estava com câncer de ovário já no estágio final quando descobrimos. Foi rápido. Pouco mais de três meses desde a descoberta até a sua morte.
Foi difícil. Eu e Silvio nunca tínhamos cuidado de ninguém antes. E foi no meio da pandemia — o que, por um lado, foi ruim (quase impossível contratar uma cuidadora), e por outro, foi bom (a gente estava em casa o tempo todo, sempre disponível). Nelly foi muito forte . Não se desesperou, não reclamava.
Quando ela morreu, nossa casa estava horrível. Parte do teto do nosso escritório desabou quase em cima da gente em fevereiro de 2020. Contratamos uma firma para fazer um trabalho estrutural. Eles vieram aqui, quebraram praticamente todas as paredes e tetos, e tiveram que parar em seguida, por causa da pandemia. A casa ficou toda esburacada (como se vê na foto abaixo da nossa cozinha).
A gente só retomou a reforma em novembro do ano passado. Seria impossível com a minha mãe aqui. A obra finalmente acabou no começo de janeiro, e agora a casa tá linda. Ainda falta uma ou outra coisa (comprar cortinas pra cozinha, ver o que fazer com os sofás da sala que os gatos destruíram), mas tudo está ótimo. Não temos mais goteiras!
Quando minha mãe morreu, demos muitas coisas dela (roupas, livros, pratos etc). Uma associação de defesa dos animais com que colaboro conseguiu vendê-las e arrecadou dinheiro pra castrar vários gatos. A casa ficou mais simples. Encontramos algumas pinturas da minha mãe e mandamos emoldurá-las, junto a outras gravuras e posters que compramos por aí. Com os quadros que já tínhamos, deu um total de 60! Nunca pensei que tivéssemos tantos quadros!
Um deles era um que minha mãe tinha começado a pintar para a entrada da casa, mas nunca terminou. Agora em janeiro eu perguntei no Twitter se alguém com veia artística poderia acabá-lo, mas praticamente todo mundo disse que estava lindo assim, que já estava acabado, que seria uma homenagem a ela pendurá-lo do jeito que estava. Então foi o que fiz.
Tem quadros que não são assinados e que eu não sei se são dela ou de amigas. Minha mãe adorou fazer arte na Casa de Cultura de Joinville durante anos, e elas costumavam compartilhar quadros e cerâmicas que criavam. Minha mãe sempre foi artista.
Então um pequeno tour da minha casa reformada.
Entrada de casa. Em primeiro plano, a bela mesa de xadrez feita pelo Silvinho. Vocês podem vislumbrar os sofás destruídos. Tem umas caixas de cds e dvds que ainda tentaremos vender.
O quadro à esquerda com o gato é da minha mãe. Não me lembro de tê-lo visto antes. Estava numa pasta. Agora tem um lugar de destaque na sala.
Cozinha da minha mãe, com dois móveis novos. Acho que ficou linda. Pena que ninguém usa.
Nossa cozinha, no andar de cima. A gente mudou a arrumação das mesas. Essa mesa que se vê primeiro foi o Silvio que fez.
Outro lado da nossa cozinha, com direito a um gato e meio na foto.
Dois quadros de gato na nossa cozinha. O de baixo, azul, é da minha mãe, tenho certeza. O de cima eu não sei. Pode ser de uma amiga, não está assinado.
Na nossa antessala, o quadro vermelho à esquerda é da minha mãe. À direita, tem o quadro que a diretora e artista Dani Libardi fez pra mim, em 2012, e o que o ilustrador Cris Vector fez em 2019 (que enfeita meu canal no YouTube).
Nosso escri, com Silvinho. Falta arrumar os livros, que ainda devem ter bastante pó da reforma.
O quadro inacabado da minha mãe. Tem lembranças dela por toda a casa.
O post “UM ANO DA MORTE DA MINHA MÃE E NOSSAS HOMENAGENS” foi publicado em 17th March 2022 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva