Alternativas para o uso de fluidos frigoríficos inofensivos à camada de ozônio foram discutidas na última quinta-feira (29) por especialistas e representantes do setor de ar condicionado.
O debate ocorreu em Brasília, no Encontro sobre Tecnologias para o Setor de Ar Condicionado realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO).
O uso do propano como fluido frigorífico em equipamentos de ar condicionado residenciais foi o tema do evento. O diretor de Economia Ambiental e Acordos Internacionais do MMA, Adriano Santhiago, destacou a importância da transição para alternativas sem impacto para o ozônio e de baixo impacto para o sistema climático global.
“Eventos como esse nos auxiliam a vencer esses desafios”, afirmou Santhiago.
Os mecanismos necessários para que o setor passe a usar o propano também foram debatidos no evento.
O representante da UNIDO no Brasil, Alessandro Amadio, explicou que o debate é fundamental para questões relacionadas à segurança no manuseio da substância e para garantir a competitividade econômica durante a transição para compostos alternativos.
Tendências globais
O chefe da divisão do Protocolo de Montreal do Departamento de Meio Ambiente da UNIDO, Ole Nielsen, apresentou um panorama das tendências globais do setor e das expectativas para o Brasil.
Nielsen citou casos como o programa implementado pela UNIDO na China para a conversão tecnológica do setor e as implicações da substituição dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) por outras substâncias.
O engenheiro mecânico Ênio Bandarra, professor e pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), abordou questões ligadas à segurança no uso do propano como substância alternativa no segmento de ar condicionado e apresentou a experiência em campo da empresa indiana Godrej que atua no setor.
O evento também teve a participação do representante do Painel de Avaliação Técnica e Econômica do Protocolo de Montreal (TEAP) e consultor da Midea na China, Tingxun Li; e do especialista Daniel Coulborne, que faz parte de diversos comitês internacionais sobre segurança de refrigeração.
Além disso, o engenheiro naval Roberto Peixoto, também membro do TEAP, apresentou informações sobre tecnologias para ar condicionado residencial com fluidos de baixo potencial de aquecimento global.
Resultados brasileiros
A contribuição brasileira para a proteção da Camada de Ozônio também foi destaque no evento.
Em 2018, o Brasil alcançou a eliminação de 38% do consumo dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs). De acordo com Adriano Santhiago, o índice coloca o Brasil muito perto de concluir a meta de eliminação de 39,3% do consumo da substância no ano de 2020, em comparação à linha de base composta pela média do consumo registrado entre 2009 e 2010.
Para o diretor, os resultados mostram a importância das ações implementadas por meio do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) no país.
“O Brasil está fazendo sua parte e estamos superando em muito o que prevíamos. Projetos como esse nos auxiliam nesses resultados”, avaliou.
Programa Brasileiro de Eliminação dos Hidroclorofluorcarbonos
O encontro faz parte do Projeto para o Setor de Manufatura de Equipamentos de Refrigeração e Ar Condicionado, coordenado pelo MMA e implementado pela UNIDO no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH).
Aprovado em 2015, o objetivo do projeto é reduzir o consumo de HCFC-22 usado na manufatura desses equipamentos no Brasil e diminuir a demanda futura pela substância no setor de serviços.
Assinado em 1987, o Protocolo de Montreal promove a progressiva redução da produção e do consumo das Substâncias Destruidoras do Ozônio (SDOs) até a sua total eliminação.
No Brasil, além do setor de refrigeração e ar condicionado, as ações coordenadas pelo MMA incluem projetos voltados para os segmentos de espumas de poliuretano (PU), destinação final de SDOs; gerenciamento de chillers; e serviços.
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