Em Capitão Leônidas Marques, município no oeste do Paraná, adolescentes estão tendo contato com o ioga como uma forma não apenas de exercício da mente e do corpo, mas também como uma ferramenta de promoção do debate sobre saúde e sexualidade .
Durante a prática, são abordados os temas trabalhados pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) nas capacitações dentro do projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná, em parceria com a ITAIPU Binacional.
Capitão Leônidas Marques faz parte do grupo de 51 municípios comprometidos com o projeto e que têm enviado profissionais de saúde, educação e assistência social para capacitações que buscam reforçar a rede de atendimento e aprimorar os conhecimentos sobre assuntos trabalhados no dia a dia no contato com adolescentes.
Dessa forma, muitos dos temas trabalhados dentro das capacitações do projeto acabam sendo adaptados para serem abordados também nas atividades desenvolvidas com adolescentes.
É o caso das aulas de ioga promovidas dentro do Centro de Convivência, da Secretaria de Assistência Social do município. “A gente usa o ioga com temas, abordando alimentação, cuidados pessoais, sexualidades, drogas”, explica a professora Roseli Inês Grizza.
Segundo ela, como há atividades realizadas em conjunto com pais e responsáveis, a prática tem servido também como uma ferramenta de aproximação entre as famílias, estimulando debates que nem sempre são fáceis de serem iniciados em casa.
Jailton de Oliveira tem 16 anos e participou das aulas e atividades promovidas em 2019 no Centro de Convivência junto com a mãe, Dulce Helena de Oliveira. Para ele, as aulas de ioga ajudam na socialização e no aprendizado sobre cuidados pessoais.
“Sempre gostei da aula de ioga porque você interage sempre, aprende a relaxar, fica em harmonia com a natureza. A gente fala sobre o corpo, que não pode deixar estranho tocar, e sempre confiar para falar com alguém se acontece alguma coisa.”
“É muito bom porque o que a gente não educa em casa, eles aprendem aqui”, completa a mãe de Jailton, Dulce. Para ela, as aulas também são uma oportunidade de pensar mais nela mesma. “Se você fica em casa, fica em função do trabalho. Quando venho aqui, me distraio. A aula só tem uma vez por semana, então tem que aproveitar.”
“É muito bom porque aprende muita coisa, ocupa a cabeça. O adolescente vai crescendo e sabendo que tem que se cuidar, cuidar do próprio corpo”, completa Jurema da Silva, também participante do grupo e avó de Daniela Campos da Silva, de 14 anos, aluna do Centro de Convivência.
“Se a gente não falar, a gente vai aprender com quem? A gente tem que aprender com os pais, a professora ensina bastante coisa. Eu gosto bastante, para a gente aprender mais do que a gente sabe”, completa a neta.
Segundo a orientadora social do espaço, Gabrial Knecht dos Reis, as capacitações têm ajudado profissionais que trabalham com adolescentes a entender melhor alguns temas importantes do dia a dia, facilitando o contato e servindo de inspiração para diferentes atividades.
“Em algumas aulas, consegui falar um pouco sobre a sexualidade e passar o que aprendi nas capacitações, falando com eles na linguagem deles. A gente tenta fazer com que saiam um pouco dessa rotina de ficar em casa e que aprendem algo para a vida”, afirma.
Sobre o projeto
Iniciado em 2018, o projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná é uma parceria entre o UNFPA e a ITAIPU Binacional.
Ele prevê ações em quatro frentes: Comunicação, Saúde, Educação e Gestão do Conhecimento. O objetivo é trabalhar com os 51 municípios do oeste do Paraná que assinaram o termo de adesão ao projeto, trazendo uma experiência positiva ao realizar ações para a prevenção e redução da gravidez não intencional na adolescência.
As ações têm foco no desenvolvimento socioeconômico, criando e ampliando oportunidades para que adolescentes e jovens ajudem na construção de serviços acolhedores de saúde e também tenham garantidas condições de ampliar suas habilidades para a vida e competências socioemocionais.
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