DO OC – A vocação de “COP da Verdade” atribuída a Belém tem um significado mais crítico para países insulares como Palau, no oceano pacífico, que tem a maior parte do seu território a apenas nove metros acima do nível do mar.
Para o ministro do Meio Ambiente do país e presidente da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), Steven Victor, recolocar o planeta em direção à meta de 1.5° de aquecimento é um imperativo de sobrevivência.
“As discussões e as negociações em que estamos envolvidos podem significar que o futuro dos meus netos está garantido ou que as nossas ilhas irão desaparecer”, alertou.
Segundo ele, a “verdade” é que os países que há dez anos assinaram o Acordo de Paris falharam em cumprir seus compromissos, deixando as populações pobres ainda mais vulneráveis aos eventos climáticos extremos.
“A verdade é que, neste momento, as nossas populações estão a perder as suas vidas e meios de subsistência. A verdade é que os nossos recifes de coral, a seiva vital dos sistemas alimentares, da cultura e das economias das nossas nações estão num ponto de inflexão. A janela para proteger vidas e economias está se fechando.”
A fala abriu na manhã desta quinta-feira (20) uma conferência de imprensa que reuniu representantes dos 39 estados insulares do OASIS e dos 45 integrantes do bloco dos Países Menos Desenvolvidos (LDC, na sigla em inglês).
Os dois grupos voltaram a defender a necessidade de ampliação do financiamento para adaptação, um dos temas mais espinhosos em negociações climáticas, em razão da relutância dos países ricos em pagar a conta.
“Uma verdade inconveniente é que fomos prejudicados no objetivo dos 100 bilhões de dólares [recursos anuais que, segundo o Acordo de Paris, seriam destinados de 2020 a 2025 aos países em desenvolvimento]. Somos forçados a mobilizar uma parte cada vez maior dos nossos recursos, aumentando encargos da dívida e desviando fundos de outras prioridades críticas”, lamentou o ministro.
Em razão desse cenário, ambos os grupos defenderam o “aumento significativo” de recursos públicos para adaptação. De acordo com Victor, os países mais vulneráveis precisarão gastar cerca de US$ 350 bilhões por ano em adaptação até 2035.
Por ora, a negociação segue atravancada, com debates sobre os indicadores que serão usados como critério para que os países ricos apoiem financeiramente os países mais pobres. Grupos como o LDC defendem que esta COP já termine com a lista de 100 indicadores – qual estava planejado, antes de iniciada a conferência – de forma a acelerar o andamento. Mas outros grupos, como o dos negociadores africanos (AGN), defendem que o tema não tenha andamento enquanto se defina o valor a ser empenhado.
“Esta é a COP da verdade, mas o presidente Lula também disse que é a COP da adaptação”, complementou Steven Victor, do AOSIS. “Sair de Belém sem um resultado transformador em adaptação para os mais vulneráveis do mundo seria um fracasso.”
O post Sair de Belém sem resolver o financiamento para adaptação seria um fracasso, diz representante de países insulares apareceu primeiro em Observatório do Clima .
O post “Sair de Belém sem resolver o financiamento para adaptação seria um fracasso, diz representante de países insulares” foi publicado em 20/11/2025 e pode ser visto originalmente na fonte Observatório do Clima
