Sem tempo e nem computador (caiu um raio aqui na sexta e queimou o meu desktop velhinho) pra escrever, mas como é triste ficar quase uma semana sem post, vamulá.
Parece que o bilionário Elon Musk, aquele que patrocina golpes de Estado na Bolívia, comprou o Twitter por 44 bilhões de dólares. Ele já era o maior acionista.
Mascus, neonazistas e bolsominions (quase sempre os mesmos caras) estão eufóricos. Hoje recebi diversos comentários não aprovados aqui no blog dizendo prometendo que eu serei brevemente excluída do Twitter e como o Musk salvará a plataforma de todas as pessoas de esquerda.
Eu estou no Twitter desde agosto de 2010 (costumo brincar que fui a última pessoa a entrar) e no momento tenho quase 185 mil seguidores. Acho que tenho conta verificada desde 2018, o que facilitou bastante a minha vida. Antes disso, havia pelo menos um perfil por semana que aparecia pra se passar por mim e, obviamente, me difamar. Mas é minha rede social preferida, até porque não tenho Facebook ou Instagram (creio que abri um perfil só pra pode ver os outros perfis de vez em quando). Nem whatsapp! Eu só me comunico na internet através de email, aqui no blog, e no Twitter.
Então será bem chato ter que sair ou ser deletada do Twitter. Mas provavelmente isso não irá acontecer. É claro que já é temeroso que uma só pessoa seja dona de uma plataforma com poder suficiente para impactar eleições (a gente deve defender a descentralização, não o autoritarismo pessoal). Pior ainda quando essa pessoa é um bilionário golpista se apropriando de uma plataforma gigante, ainda mais quando o cowboy do espaço já chega jurando “liberdade” (não é fantástico como os misóginos que idolatram o Musk comemoram essa promessa de liberdade ameaçando excluir gente?). Mas talvez as mudanças não sejam tão grandes.
Pode ser que Musk passe a cobrar pelo uso do Twitter, o que causaria uma queda titânica nos números. Pode ser que ele permita que neonazis tenham contas e façam sua propaganda à vontade (pensei que o Twitter já permitisse isso. Eu pelo menos estou denunciando há uma semana um perfil explicitamente nazista, racista, misógino, antisemitista, e até agora nada, continua no ar). Pode ser que ele permita que o pessoal do ódio ataque ativistas de direitos humanos.
Mas o pior que pode acontecer com uma plataforma é que ela fique entregue aos ratos. Que marca hoje em dia ganha ao ser associada com o ódio? Se houvesse um abandono em massa de gente no Twitter, a plataforma perderia seu valor em poucos dias.
Muita gente de esquerda está perguntando o que fazer, recomendando o Mastodon (nunca tinha ouvido falar até hoje) ou grupos no Telegram (sério?!). Criar alternativas e migrar pra elas não é nada fácil. Se duvida, pergunte pra extrema-direita, que inventou o Gab, depois tentou o Parler, e não deu certo. São ambientes tóxicos onde só se vê o pior da internet (e da humanidade em geral). A morte certa pro Twitter seria se a plataforma virasse um Gab, um espaço de ódio reservado pros reaças (eu mesma devo ter uns cinco perfis no Gab — todos falsos, feitos unicamente pra me atacar e divulgar meu endereço residencial).
Se Musk conseguir estragar o Twitter, a própria plataforma vai se extinguir ou virar um reduto nazista. E imagino que nem ele queira isso. Portanto, ele terá que controlar seus impulsos golpistas e seguir o jogo, admitindo que há milhas de distância entre liberdade de expressão e discurso de ódio. Já é bastante ruim pra ele ser saudado por extremistas de direita.
Lógico que pode ser que o impacto dessa compra do Twitter só seja conhecido daqui a algum tempo. Talvez quando já for tarde demais.
O post “RIP TWITTER?” foi publicado em 25th April 2022 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva