Deputados, estudiosos e representantes de atletas pediram mais apoio e reconhecimento ao futebol feminino no País. O tema foi discutido durante o seminário “A Mulher no Futebol”, promovido na terça-feira (10) pela Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados.
O presidente do colegiado, deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE) , criticou o baixo número de mulheres integrantes de comissões técnicas no Campeonato Brasileiro feminino da modalidade. “Só há 30% de mulheres nos clubes da primeira e segunda divisão. Na primeira divisão, com 16 times, só 3 deles têm treinadoras. Na segunda divisão, apenas 6 dos 36 times são treinados por mulheres”, citou. “A seleção brasileira só teve treinadora por duas vezes, em todas as outras eram homens.”
Mitidieri lembrou que até 1979 o futebol feminino era proibido , por lei, no Brasil, o explica em parte a demora na profissionalização do esporte. “Tivemos diversas conquistas, principalmente na questão do preconceito e algumas barreiras que foram vencidas, mas outras ainda estão por se vencer”, disse.
A pesquisadora Aira Bonfim destacou que influências históricas e políticas reforçaram o estereótipo do futebol como uma modalidade apenas masculina. “Secretarias de Estado diziam que o corpo feminino precisava ser protegido para gerar filhos, não podendo ser exposto ao contato físico proporcionado pelo futebol”, apontou.
Equidade
Representante da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), Daniele Mendes defendeu mais investimentos dos clubes na formação de jogadoras. “A gente quer igualdade de oportunidades e equidade em relação a essa disparidade salarial [com relação aos homens], além de melhorias na estrutura”, afirmou.
O coordenador de Seleções Femininas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Aurélio Cunha, respondeu às críticas feitas à desigualdade entre homens e mulheres no esporte. “Sempre haverá o que se cobrar. Percebo uma ansiedade muito grande para que tudo seja resolvido no mesmo momento, mas não é possível a gente dar condições iguais às do futebol masculino, que tem mais de 100 anos de história”, declarou.
“Todas as questões ditas aqui, como o preconceito e a falta de inclusão, são realidades. Costumo dizer que aprendi a tentar mudar o presente e o futuro, mas nunca fiz curso de mudar o passado”, acrescentou Cunha.
Em 2019, pela primeira vez, canais de televisão aberta transmitiram os jogos da Copa do Mundo Feminina. Os debatedores apontaram isso como um avanço para a modalidade. A seleção brasileira foi eliminada pela França nas oitavas de final.
O post “Representantes do futebol feminino cobram equidade; CBF diz não ser possível neste momento” foi publicado em 11th December 2019 e pode ser visto originalmente na fonte Câmara notícias – Câmara dos Deputados