DO OC – O Brasil registrou queda de 32,4% na área total desmatada em 2024 em relação a 2023, segundo o 6º Relatório Anual de Desmatamento (RAD), lançado nesta quinta-feira (15) pela rede MapBiomas.
Desde o início da série histórica iniciada em 2019, é a primeira vez que todos os biomas apresentam redução na área desmatada – exceto a Mata Atlântica, que ficou em patamar considerado estável.
Ao todo, segundo o documento, 1.242.079 de hectares foram desmatados no país de janeiro a dezembro do ano passado. A maior parte (83%) ocorreu no Cerrado e na Amazônia.
Embora com área 41% menor que a registrada em 2023, o Cerrado lidera o ranking dos biomas com mais derrubadas (652.197 hectares). Na Amazônia, onde foram contabilizados 377.708 hectares, a queda foi de 16,8%.
As maiores reduções proporcionais foram identificadas no Pantanal (58,6%) e no Pampa (42,1%). Na Caatinga, a área desmatada foi 13,4% menor, enquanto na Mata Atlântica houve aumento de 2%.
No evento de lançamento em Brasília (DF), o coordenador geral do Mapbiomas, Tasso Azevedo, chamou a atenção para uma mudança na distribuição espacial dos desmates a partir de 2022.
Antes identificados majoritariamente na Amazônia, os pontos de alerta passaram a se concentrar na fronteira agrícola conhecida como Matopiba, que reúne os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. “Há uma clara mudança de padrão”, avaliou.
Essa tendência se reflete na lista dos estados que mais desmataram no ano passado: liderados pelo Maranhão (218.298 hectares), os estados do Matopiba ocupam quatro entre os cinco primeiros lugares.
“Em 2024, embora com redução em relação ao ano passado, 42% de todo o desmatamento no país aconteceu nessa região”, relatou Azevedo.

Cerrado lidera o ranking dos biomas com mais derrubadas, mas registrou queda de 41% na comparação com ano anterior. Na Amazônia, queda oi de 16,8% (Fonte: Mapbiomas)
Vetores de pressão
O Brasil teve quase 10 milhões de hectares desmatados desde 2019, segundo o relatório. Desse total, 97% estão associados à pressão agropecuária. Em 2024, a área desmatada em conexão com esse vetor totalizou 1.225.400 hectares, 98% do total.
Outros vetores considerados no levantamento foram aquicultura, expansão urbana, mineração, garimpos, estradas, empreendimentos de energia renovável e eventos climáticos extremos, por exemplo.
Em relação a esse último ponto, o relatório chama a atenção para o expressivo impacto das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024 e foram responsáveis por perdas de mais de 3 mil hectares de cobertura vegetal na Mata Atlântica.
“O que fez com que a Mata Atlântica ficasse estável foram os eventos extremos no Rio Grande do Sul. Sem esse fenômeno, teria sido registrada uma queda de 20%”, afirmou.
Legal e ilegal
Presente ao lançamento, o secretário extraordinário de Controle de Desmatamento no MMA, André Lima, elogiou a “legitimidade e o alcance” do trabalho.
Em menção aos números mais recentes do desmatamento, que indicam uma reversão da tendência de queda em 2025, ele disse que o governo aposta em um aumento relevante das áreas derrubadas de forma legal.
“O desmatamento ilegal está diminuindo, mas o legal está aumentando significativamente. Mas legal em que condições? Uma série de prefeituras dando autorização de desmate sem dar conhecimento disso aos estados. Estados dando autorização para 500 hectares e o desmatamento real sendo o dobro disso”, relatou.
Segundo ele, está em vias de aprovação na câmara técnica de assuntos jurídicos do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) uma resolução para definir transparência e integração de dados das ASVs (Autorizações de Supressão Vegetal).
“Isso vai permitir ao MapBiomas aprofundar muito mais as suas análises e aos governos poderem afirmar de fato o que é desmatamento legal ou ilegal.” (RODRIGO VARGAS)
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