Em um caminho longo e sinuoso, duas meninas caminham juntas para a escola. Uma guiando a outra. Margetu carrega folhas grandes e grossas de papel em uma das mãos enquanto a outra segura firmemente a mão de sua melhor amiga Natasha.
Essas folhas de papel significam tudo para Margetu. São seus materiais em braille. Sem eles, a menina de 14 anos não consegue estudar. Margetu perdeu a visão por razões desconhecidas ainda bebê, quando sua família morava na Etiópia.
Quando ela tinha sete anos, os combates nas regiões central e sul da Etiópia obrigaram sua família a fugir para o país vizinho, o Quênia, em busca de segurança. Eles encontraram refúgio no campo de refugiados de Kakuma, onde vivem desde 2013. A família recebe apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) com abrigo, comida, registro legal e educação.
Quando questionada sobre a vida no campo, Margetu hesita em responder: “Viver em um campo é… um pouco difícil”, diz, acrescentando rapidamente: “o melhor é vir para a escola, porque então você pode aprender e talvez mudar seu futuro”. Seu tom de voz pode ser calmo e quieto, mas a força e a resiliência de Margetu brilham quando ela fala.
Graças ao ACNUR e seu parceiro Educate a Child, Margetu frequenta a escola desde que chegou a Kakuma.
“É muito bom poder ir à escola”, disse Margetu. “Aprender é muito importante. É algo que pode mudar a vida das pessoas de maneiras diferentes. Quando você aprende, pode conseguir um emprego para ajudar a si mesmo e às pessoas ao seu redor. Estudar é bom para todo mundo.”
Por meio de sua parceria com a Educate a Child, o ACNUR ajuda a garantir que estudantes como Margetu tenham acesso a uma educação de qualidade em Kakuma. Juntos, trabalham para treinar e empregar professores qualificados, melhorar a segurança dos ambientes de aprendizagem e fornecer aos alunos material escolar, incluindo dispositivos de assistência especiais para estudantes como o Margetu.
A paixão e dedicação de Margetu a levaram ao topo de sua classe. Ela aprende todos as matérias com facilidade, mas a sua favorita é o inglês, porque esse é o principal idioma usado pelas diferentes pessoas que vivem em Kakuma para se comunicar.
Na escola, Margetu tem uma máquina em braile que usa para participar das atividades da escola. A máquina nem sempre funciona muito bem e Margetu gostaria de ter mais materiais adaptados às suas necessidades. Mas ela não deixa que isso se torne um obstáculo.
Fonte
O post “Refugiada cega supera desafios para seguir estudando” foi publicado em 28th May 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte ONU Brasil