A série de webinários Fórum Data Favela, promovido pela Central Única das Favelas (Cufa), Instituto Locomotiva e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, teve a sua quarta e última edição na quarta-feira (8).
Com o tema “Periferia, Racismo e Violência”, o encontro discutiu a violência nas áreas de periferia e abordou também a atuação da polícia nas favelas.
Participaram do encontro a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto; o CEO do Favela Holding e fundador da Cufa, Celso Athayde; o presidente e fundador do Instituto Locomotiva, Renato Meireles; o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Baptista Camilo; o ouvidor das Polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes; a coordenadora da Rede de Observatórios de Segurança/CESEC, Silvia Ramos; a coordenadora do Instituto Marielle Franco, Marcelle Decothé; e o rapper e compositor Rappin’ Hood.
De acordo com uma pesquisa inédita apresentada pelo Instituto Locomotiva no encontro , 49 milhões de brasileiros declararam já ter sofrido algum tipo de constrangimento em uma abordagem policial – como agressão verbal, agressão física, pedido de dinheiro etc.
A pesquisa indicou ainda que 64% dos homens negros das classes C, D e E disseram já ter sido abordados pela polícia de modo agressivo e apenas 5% dos brasileiros disseram acreditar que a polícia não é racista, lembrou o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meireles.
Os participantes também citaram casos de grande repercussão, como o do menino João Pedro Matos, de 14 anos, que morreu baleado após uma ação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), e do norte-americano George Floyd, homem negro asfixiado por um policial branco em Mineápolis, nos Estados Unidos. Também mencionaram a escalada de violência envolvendo policiais no Rio de Janeiro (RJ) registrada pela Rede de Observatórios de Segurança.
O secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Camilo Álvaro Baptista, afirmou que a polícia do estado não compactua com atitudes de violência. “Nosso esforço é enorme. Estamos abertos a aprender e a rever procedimentos de gestão da nossa conduta. Nos preocupamos com os direitos humanos e em tratar as pessoas como nós gostaríamos de ser tratados”.
A diretora da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto, lembrou que as Nações Unidas coordenam, há anos, a campanha Vidas Negras .
“Sabemos do esforço da polícia e também sabemos das dificuldades da população negra. Acredito que todas as organizações precisam ser transformadas. É preciso um esforço para combater o racismo e não permitir nenhuma ação que possa levar a uma situação de racismo estrutural. É um debate extremamente necessário e está sendo muito rico ouvir todas as diferentes perspectivas. O que precisamos entender é que existe, de fato, uma preocupação com os direitos humanos.”
A quarta edição da série “Fórum Data Favela” contou com ampla participação dos internautas. Todas as outras edições do fórum já estão disponíveis e podem ser acessadas no canal da UNESCO no YouTube .
Fonte
O post “Quase 50 milhões de brasileiros dizem ter sofrido constrangimento em abordagem policial” foi publicado em 13th July 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte ONU Brasil