Os projetos de decreto legislativo (PDL) 427/20 e 429/20 suspendem a aplicação da Política Nacional de Educação Especial, criada no fim de setembro por meio do Decreto 10.502/20 , da presidência da República. A nova política permite um retorno de alunos com deficiência às escolas e classes especializadas.
Os pedidos de sustação foram apresentados à Câmara dos Deputados por parlamentares do PT.
O PDL 427/20 é assinado pelo deputado Helder Salomão (PT-ES) e outros 20 deputados do partido . Eles argumentam que o que é apresentado pelo governo como inovação para a educação inclusiva é considerado retrocesso por educadores, por não garantir a completa inclusão destes estudantes, nem uma educação de qualidade.
“A nova política traz a ideia de especialização e exclusividade, algo abandonado há quase 20 anos, quando era ofertada uma educação em separado para alunos com deficiência. Desta forma, o plano não pensa nos laços de amizades e fraternidade entre os alunos, segregando-os. Ainda que na mesma instituição de ensino regular, estas crianças serão colocadas em turmas especiais segregadas”, criticam os autores no texto que acompanha o projeto.
Convenção internacional
Os deputados apontam ainda que o governo ultrapassou suas funções constitucionais, ao instituir regulação contrária à Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Um dos artigos do documento estabelece que, para efetivar o direito das pessoas com deficiência à educação sem discriminação e com igualdade, os governos dos países deverão assegurar um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, ao longo de toda a vida.
“Processo autoritário”
Apresentado pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS) , o PDL 429/20 também suspende a aplicação da Política Nacional de Educação Especial. Na avaliação do parlamentar, trata-se “de um processo autoritário onde ninguém foi ouvido”.
Pimenta lembra que o direito à educação inclusiva está assegurado na Lei Brasileira de Inclusão . A norma estabelece que cabe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar o aprimoramento dos sistemas educacionais, a fim de garantir o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem, com acessibilidade e sem barreiras.
“Ao valorizar as diferenças e denunciar a discriminação de alunos com deficiência, a inclusão vem afirmar que todos devem estar na escola regular com acesso ao currículo comum”, argumenta Pimenta.
O parlamentar lembra ainda que houve um esforço no Brasil no sentido da educação inclusiva, que resultou na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008.
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O post “Projetos suspendem nova política de educação especial apresentada pelo governo” foi publicado em 2nd October 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Câmara notícias – Câmara dos Deputados