Desafio do Saneamento no RS: Tecnologia Preditiva e Resiliência Pós-Catástrofe
Após a catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul, ampliar a resiliência da infraestrutura de abastecimento de água e tratamento de esgoto está entre os principais desafios do setor de saneamento básico na região. Durante as enchentes no estado em maio, uma ferramenta teve papel fundamental na recuperação dos sistemas da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan): a tecnologia preditiva, que permite simulações e previsões com base em padrões operacionais. Segundo a companhia, esse suporte auxiliou na gestão, conseguindo reverter falhas nos sistemas alagados em curto espaço de tempo.
A Corsan, controlada pelo Grupo Aegea, possui um programa chamado Infrainteligente, que produz um inventário de ativos da empresa e cria “gêmeos digitais”, ambientes virtuais idênticos à realidade da infraestrutura da operação. Isso significa que as equipes podem realizar visitas virtuais às instalações, avaliando estações de tratamento de água e esgoto, reservatórios, poços, equipamentos e seu funcionamento.
Duas semanas antes do alagamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio Branco, de Canoas, 62 plantas digitais dos ativos da maior estação em operação pela Companhia no Estado foram batizadas e integradas ao sistema Infrainteligente. Isso significa que imagens internas detalhadas, aéreas e equipamentos da ETA, que foi uma das mais atingidas e a última a ser recuperada após a enchente, haviam sido totalmente catalogadas.
Segundo a Corsan, esse mapeamento é realizado por meio de drones, câmeras esféricas 360º e GPS, que permitem identificar com riqueza de detalhes o quê, onde e em qual condição se encontram os bens e ativos físicos de cada unidade Aegea. O foco é a prevenção de manutenções e o aprimoramento do processo de modernização da infraestrutura de saneamento. Especialmente durante eventos extremos, esse levantamento contribui com uma visão realista das estruturas, acelerando a retomada dos serviços à população.
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“Ter o mapa virtual de Canoas concluído foi uma ferramenta relevante de enfrentamento da crise, já que os técnicos não tinham condições de acessar o local, mas puderam, com base nos gêmeos digitais criados pelo Infrainteligente, tomar decisões importantes para entender as demandas de cada planta de ativos e acionar a substituição, conserto e/ou retirada de equipamentos eletromecânicos para que a ETA voltasse a funcionar o mais rápido possível”, explica Samanta Takimi, presidente da Companhia.
Segundo a empresa, a partir de agora, os mapas virtuais também servirão de insumo para planejar ações necessárias de proteção dos sistemas, preparando para a possibilidade de novas cheias e mitigando impactos às instalações. A Corsan implantará o programa Infrainteligente em todos os 317 municípios da área de atuação da companhia.
“Ter enfrentado quatro episódios similares em menos de um ano criou um novo nível de alerta para a Corsan, que estabeleceu um grupo de trabalho para mapear riscos das estações nos lugares onde estão e da forma como funcionam hoje”, destaca Leandro Marin, vice-presidente de Operações Regionais do Grupo Aegea.
O diagnóstico vai apontar as estruturas que precisam ser desativadas e transferidas para lugares mais seguros, preservando as funções das estações em caso de novas enchentes; as unidades que deverão ser substituídas por poços e quantas delas demandarão a construção de diques de proteção, entre outras ações estratégicas.
Retorno dos serviços
A Corsan restabeleceu o abastecimento para os 906 mil imóveis alagados ou indiretamente atingidos pela catástrofe climática. Em cerca de duas semanas, as 67 estruturas impactadas total ou parcialmente foram recuperadas e voltaram à plena operação. Para este retorno foi realizada uma força-tarefa que envolveu 5 mil colaboradores diretos e indiretos, helicópteros e aeronaves, veículos anfíbios e guindastes, botes e estações flutuantes, ETAs móveis e bombas submersíveis, entre outros recursos.
Sobre a Corsan
A companhia é responsável pelos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em 317 municípios, atendendo cerca de 6,5 milhões de gaúchos, pouco mais da metade da população do Estado. Em leilão realizado em dezembro de 2022, a estatal foi adquirida pelo Grupo Aegea, que assumiu a administração da Companhia em 7 de julho de 2023.
Até 2033, o controlador anunciou que vai aplicar R$ 15 bilhões em investimentos no RS, com a projeção de geração de 66 mil postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos no nível nacional e 47 mil somente na economia estadual. Faz parte do compromisso contratual, em atendimento às metas estabelecidas pelo marco legal do saneamento, entregar acesso universalizado à água (99%) e esgoto (90%), até 2033, nos 317 municípios atendidos pela Corsan.
O principal eixo do programa de investimentos da controladora é a universalização da cobertura da rede e sistema de tratamento do esgotamento sanitário, que deve passar dos atuais 20% para 90% em 2033, prazo estabelecido por lei federal para a universalização dos serviços de saneamento no Brasil. Um total de 258 municípios gaúchos vão passar de zero para 90% de acesso na próxima década, demandando a instalação de mais de 20 mil quilômetros de tubulações para condução do esgoto das residências até as estações, onde serão adequadamente tratados.
Fonte: Revista OE
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