A poluição luminosa pode atrapalhar os animais noturnos e até contribuir para o efeito estufa. O ritmo circadiano dos seres humanos também é colocado a prova
Um levantamento feito pelo IDA (International Dark-Sky Association) alerta que, a cada ano, aumenta em 2% a taxa de poluição luminosa — ou seja, a presença inadequada de luz artificial no ambiente noturno, uma iluminação excessiva, mal direcionada ou desnecessária que interfere na visibilidade do céu estrelado e afeta o ambiente.
As consequências da poluição luminosa, caso as medidas necessárias não sejam tomadas, envolvem a redução do espectro azul e, o aumento da emissão de CO2 e impactos diretos na fauna e na flora. Com isso, o efeito também pode diminuir a qualidade de vida e o conforto visual dos seres humanos.
O engenheiro da fabricante de luminárias Novvalight, Filippo Centemero, teme que esse problema ambiental tenha que ser confrontado de imediato: “Ao contrário de muitas outras formas de poluição, podemos reduzir esse impacto usando a tecnologia existente. Não é sobre desligar todas as luzes, e sim seguir os princípios para uma iluminação responsável”, afirma.
Filippo também aponta que é necessário levar em consideração a luz emitida vertical e horizontalmente, como fachadas de edifícios iluminados, outdoors digitais e janelas de escape de luz. “É fundamental que empresas de iluminação tomem medidas reais em relação ao uso de luminárias e lâmpadas com soluções eficientes para o ser humano e o meio ambiente”, opina.
Desperdício de luz
O Dark-Sky atribui à poluição luminosa o resultado da dependência cada vez maior do mundo em relação à luz elétrica externa, algo que tem acontecido há mais de 200 anos. O instituto aponta que quando as pessoas foram ao espaço pela primeira vez, tornou-se dramaticamente evidente o quanto os humanos estavam alterando o céu noturno, já que as cidades são facilmente visíveis a partir da Estação Espacial Internacional (ISS) à noite.
Décadas depois, os astronautas da ISS observaram o aumento da poluição luminosa à medida que as cidades se espalhavam cada vez mais. “As cidades são responsáveis pela maior parte da poluição luminosa, uma vez que têm o maior número de luzes desprotegidas e de cores inadequadas, enviando luz para cima, para o céu, em vez de para baixo, para a segurança humana”, afirma o instituto, em comunicado.
O alerta é que a maior parte da luz à noite é desperdiçada, e embora as luzes da rua possam ser adaptadas para serem compatíveis com o céu escuro, a maioria das cidades ainda não conseguiu isso. É importante observar o impacto dos outdoors eletrônicos, por exemplo, que tomam conta das avenidas.
“Os perigos relacionados à segurança decorrentes da pouca visibilidade à noite são causados por luzes ofuscantes. Mas existem soluções fáceis: proteger as luzes para reduzir o brilho, diminuir a intensidade das luzes para fornecer a quantidade certa de luz e desligar as luzes quando não forem necessárias”, aconselha um relatório da James Madison University (EUA).
Poluição luminosa x meio ambiente
Essa iluminação excessiva atrapalha os animais noturnos, desorientando-os em relação à migração, alimentação, reprodução, o que pode levar a perturbações nos ecossistemas e afetar a biodiversidade. Muitas espécies de animais e plantas dependem da variação natural de luz e escuridão para regular seus processos biológicos, e a poluição luminosa perturba esses padrões.
Outro problema atrelado à iluminação excessiva é o desperdício significativo de energia, que contribui para o aumento da demanda por eletricidade e leva a uma pegada ambiental mais ampla e desencadeia o efeito estufa, além do esgotamento de recursos naturais.
Mas o impacto da poluição luminosa não afeta apenas a natureza: os humanos também não escapam, já que a exposição à luz artificial durante a noite pode afetar os ritmos circadianos, resultando em distúrbios do sono, alterações hormonais e problemas de saúde relacionados, como diabetes e obesidade.
Fonte: International Dark-Sky Association, James Madison University
O post “Poluição luminosa só aumenta e coloca meio ambiente em risco” foi publicado em 31/01/2024 e pode ser visto diretamente na fonte Frente Ambientalista