DO OC – A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) publicou nesta quarta-feira (12/11) o relatório anual World Energy Outlook. Mais uma vez, as energias renováveis cresceram. E, mais uma vez, isso não foi suficiente para inverter a curva de emissões do setor energético, que seguem subindo.
As emissões globais anuais de CO2 do setor de energia bateram recorde, chegando a 38 gigatoneladas de CO2 equivalente (GT CO2e) em 2024. Se mantidas as políticas atuais, o planeta aquecerá quase 3ºC até 2100, o dobro da meta do Acordo de Paris.
A demanda por petróleo e gás, também considerando as políticas atuais, seguirá aumentando até meados do século – um retrocesso em relação ao relatório do ano passado, que projetava o pico da demanda para 2030. Já a demanda por carvão começará a cair antes de 2030.
As projeções da IEA são feitas considerando três cenários distintos: o de políticas atuais (CPS), o de políticas declaradas (STEPS) e o de Emissões Líquidas Zero (NZE). O primeiro considera regulações e políticas em vigor e projeta uma “perspectiva cautelosa” sobre a velocidade de implantação e incorporação de novas tecnologias ao sistema energético.
O de políticas declaradas considera regulações e inovações apresentadas, mas ainda não adotadas, além de documentos oficiais de estratégias dos países para o setor de energia. Nessa projeção, a incorporação de novas tecnologias é mais acelerada.
O terceiro cenário não é uma projeção, mas um direcionamento: ele descreve o caminho necessário para que se reduzam as emissões globais de CO2 equivalente do setor de energia até que se atinja zero emissões líquidas em 2050, levando em conta que cada país terá sua própria trajetória.
Considerando as políticas declaradas, a demanda por carvão também seria a primeira a cair, nos próximos anos, e a por petróleo também se estabilizaria até o final desta década. A demanda por gás natural, no entanto, continuaria crescendo na década de 2030, como resultado de uma queda nos preços causada por uma nova onda de exportações.
No cenário de políticas declaradas, as emissões do setor cairiam para menos de 30 Gt CO2 até 2050. Nesse cenário, o aquecimento chegaria a 2,5ºC até o final do século, um pouco acima dos 2,4ºC projetados para o mesmo cenário no ano passado.
No caminho para emissões líquidas zero até 2050, a previsão é de que o planeta aqueça 1,65ºC no meio do século e, a partir daí, comece a esfriar lentamente. “As emissões persistentemente altas nos últimos anos e a implantação lenta em algumas áreas significam que as reduções de emissões até 2030 são mais lentas do que nas edições anteriores. Refletindo essas tendências, o excedente do limite de 1,5 °C agora é inevitável”, diz o relatório.
“O aquecimento máximo no Cenário NZE excede 1,5 °C por várias décadas, retornando abaixo de 1,5 °C até 2100 graças a uma transformação muito rápida do setor de energia e à ampla implantação de tecnologias de remoção de CO2 que atualmente não são comprovadas em grande escala”, segue o texto.
Segundo a IEA, o caminho que mitiga os riscos mais graves das mudanças climáticas continua viável. “Há forte impulso por trás das principais tecnologias, mas — dez anos após a assinatura do Acordo de Paris — alguns compromissos formais em nível de país enfraqueceram. Os Estados Unidos se retiraram do Acordo de Paris e a nova rodada de NDCs [as metas climáticas nacionais] anunciadas até o momento em 2025 faz pouco, em conjunto, para alterar significativamente os resultados já projetados no cenário de políticas anunciadas”, sinaliza a agência.
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O post “Planeta caminha para aquecer o dobro da meta de Paris, aponta agência” foi publicado em 12/11/2025 e pode ser visto originalmente na fonte Observatório do Clima
