O Pará apresentou a gestores, servidores e representantes de universidades estratégias para diminuir em 30% o coeficiente de mortalidade materna no estado. A iniciativa acontece depois que a Secretaria Estadual de Saúde paraense celebrou o Pacto pela Redução da Mortalidade Materna com 141 municípios e conta com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).
O pacto foi firmado para fortalecer a atenção primária à saúde e sua articulação junto aos demais pontos da rede de atenção para gestantes, parturientes e mulheres em situação de risco reprodutivo. Ao assiná-lo, os municípios se comprometem a desenvolver ações que garantam às mulheres o acesso ao pré-natal qualificado, à assistência ao trabalho de parto, parto e pós-parto e ao planejamento reprodutivo, além de melhorar as ações para qualificação da vigilância do óbito. Para isso, as cidades receberão do estado um cofinanciamento para apoiar a qualificação da atenção primária à saúde, de forma a gradualmente estruturar ações e serviços básicos, garantir seu funcionamento e assegurar o acesso à rede de saúde em tempo oportuno.
A representante da OPAS/OMS no Brasil, Socorro Gross, reafirmou o compromisso da Organização em apoiar o Pará no cumprimento desta ambiciosa meta. “Na área da saúde, quando falamos de dados, muitas vezes perdemos a perspectiva do que é a gravidez e o que ela significa no desenvolvimento de uma sociedade. A saúde das mães e das crianças é o que realmente nos permite ter gerações que vão mudar a realidade”, ressaltou Socorro após parabenizar os signatários do pacto. “A OPAS tem a convicção de que o Pará vai mostrar ao Brasil e ao mundo que, com decisão da sociedade, a realidade pode ser mudada em pouco tempo”, enfatizou.
Alberto Beltrame, secretário estadual de Saúde, afirmou que o objetivo é zerar o número de mortes maternas no Pará. “É a luta da civilização contra a barbárie. A barbárie é permitir mulheres grávidas morrerem. A civilização é fazer o que precisamos fazer para que isso não aconteça. Que as mulheres possam engravidar e gerar seus filhos em paz e em segurança. Isso é o mínimo que uma sociedade precisa assegurar para seus cidadãos”, pontuou. Beltrame, que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), informou que o estado promoverá, em parceria com a OPAS/OMS no Brasil, um prêmio para reconhecer os municípios que apresentarem os melhores resultados.
A hemorragia no pós-parto é uma das maiores causas de mortes de mães na região das Américas. Por isso, a OPAS/OMS implantou no Brasil, em 2015, a estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia, em parceria com o Ministério da Saúde. O organismo internacional também disponibilizou dois guias para gestores e profissionais de saúde, com orientações sobre como reduzir o número de mortes maternas por perda de sangue.
Um deles é o Manual de orientação para o curso de prevenção e manejo obstétrico da hemorragia: Zero Morte Materna por Hemorragia. Feito em conjunto com o governo brasileiro, o documento aponta que o Brasil ainda possui regiões com altas taxas de morte materna, chegando a 300 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. “As hemorragias podem acontecer de uma maneira imprevista durante um parto, uma cesárea. Mas há muitos recursos que podem ser usados para evitar isso”, destaca Suzanne Serruya, diretora do Centro Latino-Americano para Perinatologia – Saúde das Mulheres e Reprodutiva (CLAP/SMR).
Já a segunda publicação, intitulada Recomendações assistenciais para a prevenção, diagnóstico e tratamento da hemorragia obstétrica, foi elaborada em parceria com o Ministério da Saúde para mobilizar gestores e profissionais de saúde e acelerar a redução da morbimortalidade no país. Esse guia também destaca a importância de empoderar as mulheres para que elas tenham seus direitos e preferências respeitados.
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