Há muito tempo tenho me perguntado: por que nenhum (ou poucos) líderes cristãos (evangélicos, católicos, etc.) se interessam por assuntos relacionados ao meio ambiente? Por que não falam sobre aquecimento global, por exemplo? Por que não ensinam que Deus ama toda a criação assim como ama os homens? Sabemos que o cristianismo ainda exerce grande influência sobre o Brasil. Então vamos lá.
Como me converti ao “Conservacionismo”
Em 2014 me deparei com um livro de solos na biblioteca da Universidade do Estado de Mato Grosso que me chamou muita atenção. As primeiras páginas faziam referência a terra de Israel e citava Êxodo 3.8 que dizia que Deus levaria os filhos de Jacó para uma terra que “…mana leite e mel…”, fazendo referência a produtividade das terras de Israel. O autor do livro foi enfático em dizer que, de acordo com a Bíblia, Israel no passado foi muito produtivo, no entanto hoje é uma terra seca que depende quase que exclusivamente de irrigação artificial para produzir qualquer coisa.
A história do deserto do Saara, localizado no continente africano, não é diferente. Os mais de 9 milhões de km² de deserto um dia já foram cobertos por uma densa floresta úmida. Até onde sabemos, a desertificação do Saara iniciou-se de forma natural a cerca de dez mil anos atrás.
A desertificação já ameaça o nordeste e sul do Brasil – milhares de km² de área são grandes desertos em ambas as regiões – e se medidas não forem tomadas, novos desertos vão surgir. A Amazônia não fica de fora. Os solos do Bioma são muito pobres em nutrientes e a conversão da floresta em pastagens pode transformar milhões de km² de área em um grande deserto nas próximas décadas.
Tais observações me despertaram sobre como os Cristãos, sobretudo os líderes religiosos, tratam do tema “Meio Ambiente” nas mais diversas denominações Cristãs do país. Há muitas referências bíblicas que mostram que Deus se preocupa com o meio ambiente, com os animais, com a terra e com a vida em todas as suas formas.
O Cristianismo no Brasil
Cerca de 87% da população brasileira é cristã, segundo dados do IBGE. Existem milhares de templos espalhados pelo Brasil. Em cada vila, comunidade rural ou urbana encontramos ao menos um templo católico e outro evangélico além de outras seitas e/ou religiões que se originaram a partir do Cristianismo.
O Éden
A Bíblia diz que Deus criou o homem e o colocou no jardim do Éden para gerenciá-lo e comer do que o jardim produzisse. A partir do momento em que o homem foi expulso do jardim do Éden, ele se viu com a necessidade de lavrar a terra para produzir seu próprio alimento. Lavrar a terra nunca foi fácil, ainda mais nos tempos bíblicos, onde tudo era feito com as próprias mãos usando ferramentas primitivas, portanto quem produzia muito alimento podia trocar e/ou vender para outras pessoas. Com isso, a sociedade foi se organizando e tornando-se cada vez mais ambiciosa para ter acúmulo de bens.
Proibição de consumir alguns animais
No livro de Êxodo Deus fez diversas proibições ao povo de Israel, dentre elas a de não comer sangue e de não comer algumas espécies de peixes, mamíferos e aves. Hoje sabemos que as piores e mais mortais pandemias do mundo foram originadas a partir do consumo de animais, como a COVID-19. No Brasil, por exemplo, temos cerca de 30 mil casos de hanseníase por ano. O hábito de consumir tatus é um dos responsáveis pela transmissão da bactéria para os seres humanos. O porco e o frango, por exemplo, também foram responsáveis por pandemias no passado.
O ano sabático e o cativeiro de Israel
Em Êxodo 23,10-11 e Levítico 25,1-7 encontramos a referência do ano sabático, que se baseava, em resumo, no fato de que a terra deveria ser utilizada para a semeadura e o recolhimento dos frutos, durante seis anos, mas no sétimo ano a terra deveria descansar para que “…da sobra comam os animais do campo…”. Já no versículo 12 ficou instituído “…Seis dias farás os teus trabalhos, mas ao sétimo dia descansarás; para que descanse o teu boi, e o teu jumento…”. Deus demonstra estar preocupado com o bem-estar dos animais, assim como se preocupa com a humanidade.
A ordem Divina era que o povo observasse o ano sabático assim que entrassem em Canaã (Levítico 25,2), no entanto, essa ordem não foi cumprida. Como consequência, 490 anos depois de possuírem a terra, Deus os entregou aos Babilônios “Para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da assolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.” (2 Crônicas 36:21)
Uma profecia anunciada pela ciência
Sabemos que as questões ambientais no Brasil continuarão sendo desprezadas por muito tempo. Nossos filhos e netos verão pandemias mais mortíferas, os piores invernos, os piores verões, as piores chuvas, tudo por causa das mudanças climáticas aceleradas pelo homem. No Novo Testamento, Paulo disse que a natureza e as coisas criadas sofrem desejando a manifestação da glória dos filhos de Deus, isso porque a terra está subjugada a uma servidão humana destrutiva.
Infelizmente a maioria dos líderes cristãos se preocupam apenas com o bem-estar pessoal e financeiro dos seus fiéis e suas reflexões são voltadas a esses temas (poucos ainda pregam um evangelho cristocêntrico). Esqueceram-se que também é missão deles orientar o povo para práticas benéficas ao meio ambiente, “Pois todos os animais da floresta são meus, como são as cabeças de gado aos milhares nas colinas.” Salmos 50:10 e que “Até os animais do campo clamam a ti, pois os canais de água se secaram e o fogo devorou as pastagens.” Joel 1:20. Portanto, talvez as pandemias sejam apenas uma resposta de Deus ao clamor dos animais da Terra, para que os homens os deixem em paz. Sei lá, talvez seja isso.
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O post “Pandemias seriam uma resposta de Deus ao clamor dos animais? Sei lá, talvez sejam” foi publicado em 7th October 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte ((o))eco