A Lei de Terras, consolidada em 1850, é o marco da concentração fundiária no Brasil. De lá pra cá, a questão agrária no país nunca foi solucionada e esteve no centro de eventos históricos. A partir de 1979 um movimento de trabalhadores rurais passa a se organizar reivindicando terras para produzir e em 1984, ocorre o primeiro Encontro Nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), fundando ali um dos movimentos sociais mais importantes da história do país. No encontro, as palavras de ordem eram que “sem Reforma Agrária não há democracia” e “Ocupação é a solução”.
Em 2023, o MST tem mais de 400 mil famílias em assentamentos e 70 mil em acampamentos e se tornou o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Também atualizou seu projeto para Reforma Agrária Popular, defendendo que a questão da terra no Brasil não é mais um problema apenas dos trabalhadores rurais, mas de toda a sociedade, tendo impacto inclusive nos cenários de emergência climática que passamos a enfrentar.
Não é à toa que um movimento com essa força chama atenção de muita gente.
Na semana do lançamento desse episódio, chega à reta final a CPI do MST , instalada em maio desse ano para apurar as ocupações do movimento e cujo relator é o deputado Ricardo Salles. Entre perseguições e disputas contra o todo-poderoso agronegócio, o MST segue sendo uma força política relevante no Brasil e para falar um pouco sobre sua organização, o Pauta recebe hoje o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile. Economista e co-autor de diversos livros sobre a questão agrária, Stédile fala um pouco sobre a história do movimento, sua atualização e como está se articulando a partir do terceiro mandato do governo Lula.
Fonte
O post “O MST hoje: disputas e análises – com J.P. Stédile” foi publicado em 15/09/2023 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Agência Pública