Cerca de 400 ações acontecerão em toda a cidade de 17 a 24 de setembro. Para Helen Clarkson, CEO do Climate Group, que organiza o evento, cenário desafiador também inspira esperança
Enquanto milhares de executivos, políticos, cientistas do clima e representantes da sociedade civil movimentam Nova York, nos Estados Unidos, a partir desde domingo (17), para a Semana do Clima da cidade (Climate Week NYC), que conta com apoio das Nações Unidas e é realizada quase concomitantemente com sua Assembleia Geral, a CEO do Climate Group, organizador do evento, terá uma mensagem simples para eles: “Nós podemos, nós iremos”.
Helen Clarkson aposta no poder de um slogan otimista e simples, porém repleto de significado, para garantir que é possível acreditar na mudança. “Nós podemos”, ela explica, em breve entrevista ao Um Só Planeta horas antes do início da Semana do Clima, é a parte mais fácil: muitas das soluções para uma descarbonização rápida já existem. Helen menciona, como exemplo, a liderança do Climate Group em campanhas globais que incentivam as grandes empresas a tornarem-se 100% movidas por energias renováveis.
“Mesmo em setores mais difíceis de se reduzir emissões, como indústrias muito dependentes do carvão, do aço e do cimento, há progressos no sentido de soluções líquidas zero”, ela afirma, esperançosa. Apesar do seu entusiasmo, Clarkson reconhece que é preciso muito mais ação e urgência para não se deixar levar por palavras e promessas no delicado jogo climático.
“Digamos que as frutas mais fáceis de se alcançar já foram retiradas da nossa árvore de compromissos com o Planeta”, ela exemplifica. “Então estamos agora precisando ir além, chegar em assuntos que são mais difíceis porque envolvem coisas como colaboração e fazer com que as empresas se envolvam nos compromissos também, assim como os políticos. Já demos passos importantes, mas precisamos ir muito mais além”, garante Helen.
Se o otimismo com a primeira parte do slogan da Semana do Clima de Nova York (“nós podemos”) se justifica, a segunda parcela (“e vamos conseguir”) é mais difícil – mas também muito possível, aposta a CEO do Climate Group.
“Será necessária uma enorme mudança, tanto no volume de empresas preparadas para agir sobre o clima como na urgência com que o fazem. Mas estamos otimistas”, afirma.
“Muitos dos eventos extremos têm um componente humano: somos os culpados”
Ela lista que suas esperanças se explicam, por exemplo, ao identificar avanços na construção de coligações de cidadãos, cientistas, ONGs, empresas e líderes dispostos a mudar o cenário. Nem toda empresa, ela argumenta, quer estar na vanguarda – mas a boa notícia é que, atualmente, poucas querem ser consideradas retardatárias, o que também contribui para mover a engrenagem de necessárias ações climáticas. Ela cita uma estimativa do Climate Group de que, para cada grande empresa que assuma um compromisso climático ousado, 10 ou 20 outras são mobilizadas a encontrar formas de seguir o exemplo para não ficar para trás.
Climate Week NYC
A Semana do Clima de Nova York, realizada todo mês de setembro junto com uma reunião de alto nível da Assembleia Geral da ONU, é frequentemente considerada um evento de “aquecimento” para a reunião anual da Conferência das Partes (COP), onde delegados de todos os países do mundo debatem a política climática. As discussões aqui provavelmente sinalizarão muitos dos pontos de discussão esperados na COP28 nos Emirados Árabes Unidos, que começa em 30 de novembro.
Juntamente com a lista habitual de líderes empresariais, especialistas em clima e diplomatas, as vozes das comunidades indígenas também devem ter mais destaque nos eventos deste ano. Essas comunidades são cada vez mais reconhecidas como vitais para proteger e preservar a natureza e a biodiversidade.
A Climate Week NYC tem como objetivo reunir as principais partes interessadas do setor financeiro para discutir mecanismos que possam escalar o capital privado em linha com o Acordo de Paris e o Quadro Global para a Biodiversidade. Milhares de profissionais de sustentabilidade corporativa, funcionários do governo, executivos de organizações sem fins lucrativos e ativistas irão passear entre centenas de eventos em Nova York a partir deste domingo (17) e até o dia 24 de setembro. Não haverá negociações oficiais sobre a política climática global, mas muitos compromissos e reuniões que terão influência na estratégia corporativa são esperados.
Embora os diálogos centrais incidam sobre a adoção de medidas práticas para travar e reverter as mudanças climáticas, outras preocupações globais irão permear as discussões, desde travar a perda de biodiversidade até repensar os sistemas alimentares globais, elevar a justiça ambiental e debater talvez o maior tema de todos – quem deve financiar a transição justa para uma economia limpa.
O post “
” foi publicado em 19/09/2023 e pode ser visto diretamente na fonte Frente Ambientalista