Durante séculos, o papel das mulheres na ciência foi subestimado . Raios-X, movimentos ambientalistas e até a descoberta de matéria escura, todos ocorreram graças ao trabalho de mulheres na ciência. No entanto, na maioria dos casos, as mulheres receberam pouco reconhecimento e foram discriminadas por seus colegas.
Essas mulheres lutaram para aprofundar o conhecimento científico e quebrar as barreiras de gênero. Hoje, suas descobertas e realizações continuam a inspirar inúmeras outras a seguirem carreiras na ciência.
Segundo as Nações Unidas, menos de 30% dos pesquisadores científicos em todo o mundo são mulheres. Por isso, para celebrar suas conquistas na ciência e incentivar sua participação nos estudos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, as Nações Unidas fizeram de 11 de fevereiro o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.
Para comemorar a data, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) conversou com cinco mulheres que trabalham para a organização sobre as lideranças femininas que as inspiraram a seguir um caminho na ciência, na tecnologia, na engenharia e na matemática.
Joyce Msuya , Secretária-Geral Adjunta das Nações Unidas e diretora-executiva Adjunta do PNUMA
Na Tanzânia, não era comum uma menina estudar física, química e biologia. No entanto, eu tinha uma diretora e mentora maravilhosa, Mama Kamm, que acreditava que as meninas deviam fazer ciência.
Ela me inspirou a querer um diploma em imunologia e bioquímica. Tornou-se claro para mim o quanto esse campo era dominado por homens quando participava de competições ou eventos científicos e percebia que era uma das poucas mulheres participantes.
Parecia assustador na época, mas me ajudou a criar a resiliência que mais tarde precisaria para trabalhar em outros ambientes dominados por homens. Iniciei minha carreira como pesquisadora, mas mais tarde me dediquei a saúde e políticas públicas e, hoje, ao meio ambiente. Foi minha base científica que tornou isso possível.
Musonda Mumba, chefe da Unidade de Ecossistemas Terrestres do PNUMA
Fui criada no norte rural da Zâmbia pela minha avó, Lizzie Musonda Mumba, que amava a natureza. Ela levava a mim e à minha irmã gêmea para passear em nossa região, que é coberta por pântanos e por corpos de água doce incríveis.
Ela queria nos ensinar sobre como as áreas úmidas fornecem alimento para a nossa comunidade. Ela também nos dizia os nomes locais dos pássaros que visitavam as zonas úmidas. Só descobri muito mais tarde que fazíamos parte de um caminho de aves migratórias.
Irmã Matandiko, uma de minhas professoras, que era freira e cientista católica, também foi uma grande inspiração para mim. Ela tinha como missão pessoal garantir que nós meninas não nos sentíssemos intimidadas com o estudo da ciência e que participássemos de feiras científicas.
Na verdade, ganhei alguns prêmios nessas feiras, o que me deixou incrivelmente feliz. Quando terminei o ensino médio, tinha certeza de que queria fazer algo na área de conservação ou de meio ambiente. Acabei como uma das poucas mulheres da Universidade da Zâmbia a se inscrever no curso de Conservação e Educação.
Doreen Robinson, chefe de Vida Selvagem, Divisão de Ecossistemas do PNUMA
Eu sabia que queria trabalhar com vida selvagem desde quer era criança e sempre tive muitas perguntas sobre como a natureza funciona. Conheci Sheila O’Connor em meados dos anos 1990, quando ela trabalhava para o World Wildlife Fund. Ela me contratou logo após a faculdade para trabalhar no desenvolvimento de novas abordagens para a conservação de grandes terras e paisagens marinhas.
O’Connor tem doutorado em biologia aplicada pela Universidade de Cambridge. Ela tem uma mente afiada e questionadora, e uma maneira de questionar e ver o mundo que abriu minha mente. Sua natureza inquisitiva e questionadora era contagiosa e seu espírito era de abertura e inclusão. O’Connor me mostrou como buscar abordagens baseadas em evidências, mas ela tinha uma maneira interdisciplinar de pensar que abria novas soluções.
Ela usava a ciência como convocadora para gerar novas ideias e parcerias. Ao contrário de muitos outros cientistas com quem eu trabalhava, que pareciam adotar uma abordagem mais “protetora” de seu próprio trabalho, O’Connor me mostrou que, ao compartilhar nosso conhecimento, nossas ideias e nossas perguntas com outras pessoas, nós, na realidade, ampliávamos nosso conhecimento e tínhamos mais influência.
Ela me levou a fazer uma ponte entre os mundos das ciências naturais, sociais e econômicas e refinar minhas habilidades de comunicar essas ideias para um público mais amplo para encontrar soluções práticas e reais. O’Connor me inspirou a ser uma cientista prática, do mundo real, que aborda os maiores desafios da natureza com humildade, empatia e uma abordagem colaborativa.
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