DO OC – É com consternação que o Observatório do Clima recebe a notícia da morte do ecólogo Christopher Uhl, 75, fundador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). O amor profundo de Uhl pela floresta e seus habitantes e o rigor de seu pensamento científico produziram uma das ONGs de pesquisa mais poderosas do mundo tropical.
Nascido em 1949 na Pensilvânia, EUA, Uhl começou a se interessar por florestas tropicais no final dos anos 1970, quando fez seus primeiros estudos sobre a velocidade da regeneração da selva amazônica na Venezuela. Em 1990, fundou em Belém, juntamente com o também americano David McGrath e os estudantes brasileiros Paulo Barreto e Adalberto Veríssimo, uma organização de ciência aplicada, que se dedicaria a formular e responder perguntas sobre a ecologia da Amazônia e o papel dos seres humanos em sua perturbação.
O Imazon buscou investigar questões sobre as quais havia pouca produção científica, como as razões da ilegalidade no mercado de madeira e a relação entre períodos de baixa econômica e desmatamento. Uhl imprimiu a seus alunos brasileiros um método de pesquisa draconiano, que consistia em foco total em uma única pergunta e o relato das descobertas em artigos científicos (papers, no jargão acadêmico) em inglês.
Isso ajudou a consolidar uma tradição científica própria no Imazon e na sua organização irmã, o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), fundado cinco anos mais tarde também com participação de McGrath. Pesquisadores das duas instituições publicam nos principais periódicos científicos do mundo, e o conhecimento produzido por eles ajudou a embasar as políticas de controle do desmatamento aplicadas na Amazônia a partir do começo do século.
Foi sob supervisão de Uhl no Imazon, por exemplo, que foram feitos os primeiros experimentos de manejo sustentável de madeira na Amazônia. Já depois de seu afastamento e retorno aos EUA, onde virou professor da Universidade da Pensilvânia, o Imazon criou o primeiro sistema independente de monitoramento de desmatamento por imagens de satélite, o SAD.
“Chris Uhl formou gerações de cientistas brasileiros e colocou organizações amazônidas na fronteira da produção de conhecimento sobre a Amazônia. Muito do sucesso que tivemos no controle do desmatamento e muito do que aprendemos sobre a dinâmica da devastação se devem à tradição de pesquisa iniciada por ele e por seus colegas no Pará”, disse Claudio Angelo, coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima.
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O post “Morre Chris Uhl, que deu método à ciência amazônida” foi publicado em 12/02/2025 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima