DO OC – A missão humanitária Flotilha da Liberdade, que estava a caminho da Faixa de Gaza com 12 ativistas levando alimentos e medicamentos, foi interceptada em águas internacionais pela Marinha de Israel na madrugada desta segunda-feira (9/6), noite de domingo pelo horário do Brasil.
Estavam a bordo da embarcação Madleen a ativista climática sueca Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila e mais seis ativistas franceses, uma alemã, um turco, um espanhol e um holandês. Todos foram detidos e levados em barcos da Marinha isralense para o porto de Ashdod, a 40 km de Tel Aviv, onde chegaram na noite desta segunda-feira pelo horário local. Segundo o grupo, os ativistas estão sob custódia de Israel e serão transferidos para um presídio ou deportados.
Em nota divulgada pela manhã, o governo brasileiro pediu a soltura imediata dos tripulantes e o fim das restrições impostas por Israel à entrada de ajuda humanitária em Gaza. “Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos. Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante”, afirmou o Itamaraty.
“A embarcação foi abordada ilegalmente, sua tripulação civil sequestrada e sua carga que salvaria vidas, incluindo fórmula para bebês, comida e medicamentos, confiscada”, afirmaram os ativistas em comunicado à imprensa. O grupo havia partido em 1º de junho, de águas territoriais europeias, e navegava por águas internacionais. “Desarmada e não violenta, a Madleen não representa nenhuma ameaça. Ela navega em total conformidade com as leis internacionais”, disseram.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores de Israel, a embarcação foi direcionada para um porto israelense, de onde os ativistas seriam deportados para seus respectivos países. “O ‘iate das selfies’ das ‘celebridades’ está seguindo em segurança para a costa de Israel”, disse o órgão governamental em sua conta oficial em uma rede social. Em outra postagem, afirmou que “o show acabou”. Horas antes, o ministro da Defesa, Israel Katz, afirmara que tomaria “todas as medidas necessárias” para impedir a passagem da embarcação.
Pouco após a interceptação, vídeos gravados previamente pelos ativistas foram postados em suas redes sociais. “Meu nome é Greta Thunberg, eu sou da Suécia e, se você está assistindo a esse vídeo, é porque fomos interceptados e sequestrados em águas internacionais pelas forças de ocupação israelenses ou aliados”, declarou Greta, que dias atrás havia afirmado que as lutas por justiça climática e justiça social são uma só: “É tão estranho para mim que as pessoas separem o cuidado com o meio ambiente e o clima do cuidado com os seres humanos. Eu me importo com o meio ambiente e com o clima porque me importo com o bem-estar humano e do planeta. Estamos lutando por justiça e sustentabilidade, por libertação para todos”.
Ao OC, a psicóloga Lara Souza, esposa do brasileiro Thiago Ávila, reforçou os pedidos para que o governo brasileiro garanta a segurança dos ativistas. “Thiago é um comunicador e ativista que dedica a vida a projetos sociais há 20 anos. Seu objetivo era abrir um corredor de ajuda humanitária para Gaza. Ele foi detido por Israel por tentar levar alimentos e medicamentos. Não conseguimos falar com ele desde então, não temos notícias e nem tivemos nenhuma garantia de que ele esteja bem”, afirmou.
Entre as reivindicações da Flotilha da Liberdade estão, além da libertação dos ativistas, o fim do bloqueio à Faixa de Gaza e o envio imediato de ajuda humanitária diretamente aos palestinos. Há mais de três meses, desde 2 de março, o governo de Benjamin Netanyahu implementou um bloqueio total à entrada de alimentos e medicamentos no enclave.
Recentemente, após pressão internacional, o governo isralense passou a permitir a entrada de alguns itens, mas sob custódia exclusiva de uma organização desconhecida e questionada por grupos humanitários que atuam na região. Na semana passada, ao menos 27 pessoas foram mortas e dezenas feridas em um dos pontos de distribuição de alimentos pelo exército israelense. Depois disso, a ajuda foi novamente interrompida.
A missão humanitária da Flotilha de Liberdade foi criada em 2008, inicialmente composta por pequenos barcos de pesca. Dois anos depois, em 2010, nove ativistas foram mortos e 50 feridos em uma missão composta por sete embarcações, que também buscava levar ajuda humanitária à região. “Por 16 anos, mantivemos nossa promessa a Gaza: levar esperança e ajuda humanitária até que o cerco ilegal de Israel seja rompido”, afirmaram os ativistas em comunicado. (LEILA SALIM)
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O post “Missão humanitária a Gaza é interceptada por Israel” foi publicado em 09/06/2025 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima