A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL) condenou no último domingo (5) o ataque realizado no sábado (4) contra uma academia militar na capital do país, Trípoli.
No momento do atentado, cadetes se reuniam em um desfile na academia Hadaba, distrito sul da capital. De acordo a mídia local, pelo menos 30 pessoas foram mortas e outras 30 ficaram feridas.
O ataque ocorreu um dia depois de o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçar seu pedido de cessar-fogo imediato na Líbia e a retomada de diálogo político.
“Qualquer apoio externo aos partidos em guerra apenas aprofundará o conflito e complicará ainda mais os esforços para alcançar uma solução política pacífica”, disse Guterres.
Desde abril, as forças do autodenominado Exército Nacional da Líbia (LNA) sitiam Trípoli. Sob liderança do comandante Khalifa Haftar, alinhado com um governo rival em Tobruk, as forças se opõem ao governo líbio, que é apoiado pelas Nações Unidas.
Nas últimas semanas, um aumento nos ataques aéreos e bombardeios no país provocou a morte de pelo menos 11 civis.
Escalada de violência
Respondendo ao ataque, a UNSMIL afirmou que a escalada da ação militar “dessa maneira perigosa complica ainda mais a situação na Líbia e ameaça as oportunidades de retornar ao processo político”.
Segundo informações da imprensa, as forças aliadas ao governo líbio descreveram o atentado como um ataque aéreo, lançado pelo LNA. Um porta-voz da milícia do leste negou qualquer envolvimento.
Oferecendo condolências às famílias das vítimas e desejando uma rápida recuperação dos feridos, a UNSMIL acrescentou que o ataque a alvos civis podem representar crimes de guerra.
Na mesma nota, a organização disse que os autores do ataque “não podem ficar impunes, não importa quanto tempo possa demorar”.
Falta de ajuda humanitária
Em comunicado lançado na última sexta-feira (3), o vice-chefe da UNSMIL, Yacoub El Hillo, condenou o aumento da violência, dizendo estar “horrorizado com ataques sem sentido e indiscriminados” contra alvos civis que “continuam a tirar vidas inocentes”
De acordo com El Hillo, nas últimas semanas, 12 unidades de saúde foram forçadas a fechar suas portas nas principais áreas de confrontos, e mais de 210 escolas estão fechadas, deixando 113 mil crianças sem estudos. Ele defendeu que serviços básicos sejam prestados a todos os civis em situação de necessidade e com a vida em risco.
“O acesso humanitário livre, seguro e sem obstáculos a civis deve ser garantido, para permitir que as autoridades competentes, como as Nações Unidas e os parceiros humanitários, ajudem a salvar essas vidas”, disse El Hillo.
“Convoco todas as partes envolvidas no conflito a proteger os civis e a cumprir os acordos feitos nas Convenções de Genebra, que devem ser respeitadas e implementadas nesse conflito”, completou.
Além disso, há também a preocupação com a perspectiva de mais intervenção estrangeira, com o governo rival no Leste recebendo apoio de países como Emirados Árabes Unidos, Egito, Jordânia e Rússia. Na quinta-feira da semana passada (2), o parlamento turco aprovou um projeto de lei para enviar tropas em apoio ao governo de Trípoli.
Em sua declaração na sexta-feira (3), o chefe da ONU alertou que “qualquer tipo de apoio externo aos partidos em guerra só aprofundará o conflito em andamento e complicará ainda mais os esforços para alcançar uma solução política pacífica e abrangente”.
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