O futuro que desejamos é baseado em crescimento econômico acompanhado de inclusão social, educação e proteção do meio ambiente. Esta é a avaliação de jovens universitários que se reuniram nesta quinta-feira (24) na sede do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) na capital fluminense para lembrar o aniversário de 74 anos da Organização.
O evento, com a presença de 17 estudantes da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), debateu como alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nos próximos 11 anos, prazo estabelecido pela comunidade internacional para atingir metas como erradicação da pobreza, redução das desigualdades e combate às mudanças climáticas.
Os estudantes lembraram que todos os ODS são interdependentes, mas ressaltaram a importância de alguns deles, como do ODS1 (erradicação da pobreza), do ODS2 (fome zero e agricultura sustentável), do ODS4 (educação de qualidade) e do ODS14 (conservação e uso sustentável dos oceanos).
“Os ODS 1 e 2 são pilares dos ODS seguintes. É importante compreender isso e botar a mão na massa”, disse a estudante Mylena Pereira Rocha ao fazer sua apresentação ao grupo. Ela defendeu mudanças estruturais para a erradicação da pobreza no Brasil, para além de políticas assistencialistas que, na opinião dela, são importantes, porém, emergenciais.
Para atingir a fome zero e promover a agricultura sustentável, a estudante Ana Carolina Lustosa afirmou ser necessário valorizar a agricultura familiar no país, assim como promover a reforma agrária. “Quando falamos em combater a fome, devemos pensar de onde vêm os alimentos e onde eles estão sendo cultivados”, salientou.
Segundo Ana Carolina, é importante que os consumidores saibam a quantidade de recursos naturais utilizados nos produtos, assim como os impactos socioambientais das indústrias de diferentes setores.
Os participantes lembraram que, apesar de ser necessário pressionar poder público e setor privado por mudanças rumo ao desenvolvimento sustentável, ações individuais também são relevantes quando tomadas em larga escala. Os jovens citaram medidas como reaproveitamento de água da chuva, separação de materiais recicláveis, compostagem, redução do consumo de carne e do desperdício de alimentos.
“Alimentar-se também é um ato político”, disse a estudante Brenda Ramos. “Não podemos tirar a responsabilidade do sistema, mas também podemos mudar as coisas”, declarou.
As análises foram feitas no contexto de questões apresentadas pela equipe do UNIC Rio, entre elas, “que tipo de futuro queremos criar?”; “estamos no caminho certo?”; “de que ações precisamos para diminuir a distância entre nosso percurso atual e o futuro ao qual queremos chegar?”.
A atividade foi o primeiro diálogo realizado no Brasil da iniciativa ONU75, anunciada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para comemorar os 75 anos da instituição no próximo ano com um amplo e inclusivo diálogo sobre a construção do futuro que queremos.
A ideia é promover diálogos no mundo todo, atravessando fronteiras, setores e gerações. A iniciativa pretende alcançar o público global, ouvir suas esperanças e medos e aprender com suas experiências, buscando prioritariamente ouvir a juventude.
Importância dos oceanos para o equilíbrio climático
Em sua apresentação, a professora adjunta da Faculdade de Oceanografia da UERJ Letícia Cotrim da Cunha falou sobre a importância dos oceanos para o equilíbrio climático . Ela destacou que a principal ameaça para os oceanos atualmente é a acidificação, seguida da poluição por plásticos.
“A poluição é grave, mas atinge mais as áreas costeiras. Já acidificação acontece em todas as partes do oceano”, afirmou.
Atualmente, os oceanos absorvem mais de 26% do dióxido de carbono emitido pela atividade humana na atmosfera, resultando em elevada acidez dos oceanos (pH reduzido).
Além de diminuir a capacidade do oceano de absorver CO2, essa acidez elevada tem diversos efeitos sobre organismos e ecossistemas, de acordo com relatórios publicados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Os impactos negativos da acidificação oceânica devem variar de mudanças na fisiologia e comportamento dos organismos e em sua dinâmica populacional, afetando ecossistemas marinhos, lembrou a especialista. “Boa parte da regulação do clima passa pelos oceanos”, disse. “Só conseguiremos o desenvolvimento sustentável se mantivermos a biosfera.”
A diretora do UNIC Rio, Kimberly Mann, lembrou a importância das Nações Unidas na defesa de todas as pautas relacionadas aos ODS. “Hoje, a ONU passou a protagonizar a luta por um mundo saudável e sustentável, atualmente representada pela Agenda 2030, que tem como objetivo reforçar a cooperação entre países de forma a erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta”, afirmou.
Para a oficial de informação nacional do UNIC Rio, Roberta Caldo, os ODS são “uma grande lição de solidariedade”. Ela apresentou aos alunos o “Guia do Preguiçoso para Salvar o Mundo” , um guia de atitudes individuais que podem ajudar o mundo a alcançar os objetivos globais.
Entre as ações citadas no guia, estão pagar as contas online e cancelar extratos bancários em papel; economizar energia elétrica; comprar produtos que usem pouca embalagem; comprar em lojas de segunda mão; entre muitas outras.
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