The New Jim Crow, de Michelle Alexander, é uma importante leitura para entender os malabarismos políticos que ocorreram nos Estados Unidos para que a desigualdade racial se mantivesse. Nele é narrado que, mesmo com os avanços e conquistas do movimento de Direitos Civis, a partir de 1950, o racismo se reinventou e adotou uma nova forma de manifestação.
Michelle Alexander é advogada de direitos humanos, militante e defensora de grupos afrodescendentes nos Estados Unidos, professora das Universidades de Stanford e Ohio e protagonista do documentário “A 13ª Emenda”, dirigido por Ava Duvernay.
Na tradução brasileira, a obra recebeu nome distinto da original, sendo: A Nova Segregação: racismo e encarceramento em massa. A razão para a alteração do título é para que se aproximasse da realidade brasileira, já que o nome original estaria diretamente ligado à cultura estadunidense, representando as leis racistas e segregacionistas Jim Crow implantadas nos EUA no final da década de 1860 até 1965. Essas leis promoviam a “divisão igual” entre sociedade branca e negra, ou seja, segregação racial.
Neste período, a população negra estadunidense era impedida de votar e ocupar e transitar em determinados espaços da cidade, moravam em diferentes bairros e as relações entre brancos e negros, fossem elas profissionais ou interpessoais, eram judicialmente proibidas. É no nascer destas leis que se incorporam os movimentos de direitos civis como os de Martin Luther King e Malcom X.
A partir desse contexto histórico, Michelle Alexander coloca o encarceramento em massa, muito fomentado pela Guerra às Drogas, como centro da discussão. A autora pontua que esse novo modelo de segregar a sociedade através do aprisionamento de corpos negros é um resquício da Jim Crow Law, no qual essas leis se reformaram para continuar operando.
Alexander argumenta que as legislações do sistema criminal norte-americano foram ferramentas indispensáveis para a repressão da população negra, para a criação de uma subjetividade que aponta negros e negras como criminosos. O livro enfatiza as problemáticas do encarceramento em massa numa perspectiva racial, critica a privatização do sistema prisional, elucida que a Guerra às Drogas é uma estratégia política para justificar as atrocidades do Estado para com a população negra, resultando no aprisionamento.
Por Alice de Carvalho
Ilustração: Alice de Carvalho (2021)
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O post “ITTC Indica – A Nova Segregação: racismo e encarceramento em massa” foi publicado em 18th February 2021 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Instituto Terra, Trabalho e Cidadania – ITTC