“O povo iraquiano pagou um preço impensável para terem suas vozes ouvidas”, afirmou Jeanine Hennis-Plasschaert, representante especial do secretario-geral das Nações Unidas, em seu discurso ao Conselho de Representantes em Bagdá na última terça-feira (12) .
Ela destacou que, desde o início dos protestos, em 1º de outubro, pelo menos 319 pessoas foram mortas e cerca de 15.000 ficaram feridas, incluindo “manifestantes pacíficos e membros das forças de segurança”.
Silêncio pelas vítimas
Depois de um momento de silêncio para aqueles que perderam a vida ou foram feridos, Hennis-Plasschaert afirmou que “enquanto relembrandos aqueles que caíram, seus ideais e demandas permanecem os mesmos”.
A representante apontou um amplo espectro de preocupações por trás das manifestações, que vão desde o fim da corrupção nos serviços públicos, até uma reforma mais ampla do sistema político, incluindo a alteração da Constituição.
Ela também lembrou de falas de manifestantes nas ruas, que lamentavam “a perda de irmãos, nossos amigos, nossos filhos. Uma vida com dignidade e liberdade… ou sem vida”.
Manifestações por um futuro sustentável no Iraque
Destacando que o povo do Iraque passava por “um momento crítico”, Hennis-Plasschaert relatou aos parlamentares que “nas últimas seis semanas, centenas de milhares expressaram pacificamente suas exigências genuínas e legítimas”.
“As demandas legítimas e genuínas merecem respostas significativas e engajamento ativo, tanto nesta Câmara quanto nas ruas”, acrescentou. “Acima de tudo”, disse, “muitos iraquianos estão pedindo um futuro melhor”, e que o país alcance todo o seu potencial em benefício de todos os seus cidadãos.
UNAMI – Missão de Assistência da ONU no Iraque
Ela lembrou aos parlamentares que, com total respeito à soberania do Iraque, a Missão de Assistência da ONU no Iraque (UNAMI), chefiado por ela, propôs uma série de medidas concretas para a construção de confiança e uma reforma.
“A UNAMI alcançou ativamente uma ampla gama de partidos, atores e autoridades iraquianos”, disse, e ainda “a dura realidade é que continuamos a receber relatórios diários de novos assassinatos, novos seqüestros, novas prisões arbitrárias, novos espancamentos e ameaças”.
Assinalando que nada é mais prejudicial para a confiança pública do que “prometer demais e sub-fornecer”, criando um clima de raiva e medo, Hennis-Plasschaert enfatizou que “agora é a hora de agir, caso contrário, qualquer momento será perdido”.
“A violência gera apenas violência”, destacou. “Ela deve parar, e deve parar agora”.
Perspectivas de “um futuro melhor”
Pintando uma imagem das recentes interrupções na Internet e até de desligamentos generalizados, a representante expressou que o “acesso irrestrito à Internet” é “um direito essencial no mundo digital de hoje”.
“O que testemunhei nas ruas nos últimos dias é um acúmulo de frustração com a falta de progresso nos últimos 16 anos”, enfatizou.
“Por amor à sua terra natal, os muitos jovens nas ruas expressam sua esperança de tempos melhores para vir”. Essas esperanças exigem uma visão de futuro e, embora interesses privados ou partidários possam ser uma estratégia, estão longe de ser sólidos.
“Os jovens estão pedindo nada mais que um futuro melhor”, ela defendeu, sustentando que o Conselho fazia parte da solução. “O governo não pode fazer isso sozinho. É uma responsabilidade coletiva para toda a classe política”.
Por fim, a representante destacou sua esperança de que “escolhas, ações e declarações dos parlamentares aliviem os medos do povo iraquiano, [e] restabeleçam sua esperança em um futuro melhor para amanhã”.
Você encontra o post Iraquianos pagam ‘preço impensável’ para serem ouvidos, diz representante da ONU no Iraque diretamente na fonte ONU Brasil