DO OC – O número de mortes provocadas pelas enchentes no Texas, Estados Unidos, chegou a 120 nesta quarta-feira (9/7), segundo a Casa Branca. As inundações-relâmpago foram causadas por temporais ocorridos entre a noite da última quinta-feira (3/7) e a manhã de sexta-feira (4/7) em diversos condados do Texas, durante o feriado de independência nos EUA.
Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA (NWS, na sigla em inglês), as chuvas elevaram o nível do Rio Guadalupe, um dos principais do Texas, em 9 metros em apenas duas horas, causando enchentes que surpreenderam moradores e turistas das áreas afetadas.
Do total de vítimas, a maioria está no condado de Kerr, onde está localizado o Rio Guadalupe. Até o momento, foram confirmadas 75 mortes no local.
O governador do Texas, Greg Abbot, informou que ao menos 161 pessoas seguem desaparecidas. Mais de 850 foram resgatadas com vida.
Segundo as autoridades, o evento extremo é uma das piores inundações da história recente do estado. O volume das chuvas ultrapassou 250 mm em algumas áreas, mais que o dobro do volume previsto.
Autoridades alertaram para o risco de novas enchentes nesta semana – o Serviço Nacional de Meteorologia prevê chuvas até esta terça-feira (8/7).
A região afetada é considerada por especialistas um “corredor de enchentes”: o chamado Texas Hill Country é uma área com montanhas rochosas que não absorvem a água das chuvas. Assim, quando ocorrem chuvas fortes, as águas escorrem rapidamente pelas encostas até os rios, que sobem de volume rapidamente.
Tragédia no acampamento
O Camp Mystic, tradicional retiro de férias para meninas localizado às margens do rio Guadalupe, confirmou na segunda-feira (7) a morte de 27 pessoas, entre crianças e monitores, durante a inundação. Outras 5 crianças e uma monitora seguiam desaparecidas.
“A organização expressa sua profunda tristeza e solidariedade com as famílias afetadas. Elas estão em comunicação constante com as autoridades locais e estaduais, que empregam todos os recursos na busca pelas garotas desaparecidas”, disse a entidade em seu site oficial .
Crise climática
Uma análise preliminar divulgada pelo serviço Climameter , do Laboratório de Ciências do Clima e Ambiente (LSCE, da sigla em francês), indicou que as condições meteorológicas que levaram ao episódio no Texas são compatíveis “com o que seria esperado sob o aquecimento global contínuo”
“As condições meteorológicas que levaram às enchentes de julho de 2025 no Texas são até 2 mm/dia mais úmidas (até 7%) em comparação com eventos passados semelhantes. A variabilidade natural por si só não consegue explicar as mudanças na precipitação associadas a esta condição meteorológica muito excepcional”, apontou o estudo.
Em entrevista ao UOL News , o climatologista Carlos Nobre disse que o cenário de agravamento da intensidade das chuvas está se repetindo em todo o mundo. “Com o aquecimento global, estamos jogando uma quantidade muito maior de vapor d’água na atmosfera. Em 2024 foi batido o recorde mundial, com 5% a mais do que em 2023. Quando há mais vapor d’água, joga-se mais energia na atmosfera.”
Cortes e consequências
Em meio ao luto, começaram a surgir na imprensa dos EUA questionamentos a respeito dos cortes determinados pela administração Trump nas equipes do Serviço Nacional de Meteorologia.
Responsável por monitorar e lançar alertas de eventos climáticos potencialmente catastróficos no país, o órgão perdeu 600 de seus cerca de 4 mil funcionários desde o início do ano, entre demissões e aposentadorias, segundo o jornal The New York Times .
Em maio, cinco ex-diretores da instituição divulgaram uma carta aberta manifestando preocupação com a possibilidade de os escritórios de previsão ficarem “tão desfalcados de pessoal que vidas sejam perdidas desnecessariamente”.
“Sabemos que esse é um pesadelo compartilhado por aqueles que estão na linha de frente da previsão, e pelas pessoas que dependem de seus esforços”, dizia a carta .
Questionada sobre o assunto, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, qualificou a tragédia como “um ato de Deus” e negou qualquer interferência dos cortes na capacidade de previsão e resposta da NWS. “Não foi culpa da administração que a enchente tenha ocorrido quando ocorreu. Houve alertas antecipados e consistentes e, mais uma vez, o Serviço Nacional de Meteorologia fez o seu trabalho”, declarou.
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O post “Inundações-relâmpago deixam 120 mortos no Texas, EUA” foi publicado em 10/07/2025 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima