O Brasil teve 30 milhões de hectares afetados por queimadas em 2024. A área, que equivale a sete vezes o território do Estado do Rio de Janeiro, ficou 62% acima da média histórica anual.
Pouco mais da metade dessa extensão, 15,5 milhões de hectares, se concentrou na Amazônia, segundo o Relatório Anual do Fogo (RAF), lançado na terça-feira (24|) pelo Mapbiomas Fogo.
É a maior área queimada no bioma desde 1985. O levantamento cita fatores climáticos entre os contribuintes — como os dois anos consecutivos de seca intensa registrados na região — mas aponta a ação humana como o principal vetor do resultado.
Foi a primeira vez na série histórica em que as florestas foram a principal classe atingida pelos incêndios (43%) na região. Até então, segundo o Mapbiomas, as pastagens lideravam esse ranking.
“O fogo não é um elemento natural da dinâmica ecológica das florestas amazônicas. A combinação entre vegetação altamente inflamável, baixa umidade e o uso do fogo criou as condições perfeitas para a propagação em larga escala”, disse Felipe Martenexen, coordenador de mapeamento do bioma Amazônia, em nota à imprensa.
Outros biomas também sofreram em proporções alarmantes no ano passado. Na Mata Atlântica, de acordo com o relatório, a área queimada chegou a 1,2 milhão de hectares, um salto de 261% em relação à média histórica e a maior extensão desde 1985.
Natalia Crusco, da equipe da Mata Atlântica do MapBiomas, explicou que os remanescentes do bioma são “especialmente vulneráveis” ao fogo, que não faz parte de sua dinâmica ecológica.
“Quando ocorrem, os incêndios acabam trazendo grandes impactos aos escassos remanescentes florestais dentro do bioma. Além dos prejuízos ambientais são evidentes os danos econômicos e, principalmente, os para a saúde e qualidade de vida da população”, relatou.
Com 10,6 milhões de hectares queimados em 2024, o Cerrado registrou um aumento menos expressivo em relação à média história (10%), mas com uma mudança de padrão considerada preocupante pelos pesquisadores: o avanço do fogo sobre as formações florestais no bioma, que foi o maior dos últimos sete anos.
“Uma mudança na dinâmica do fogo que ameaça de forma crescente a biodiversidade e a resiliência desse bioma” avaliou Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e coordenadora técnica do MapBiomas Fogo.
No Pantanal foi registrado um aumento de 157% da área queimada em relação à média histórica. Desta vez, o fogo se concentrou na região do entorno do Rio Paraguai, que também registrou secas severas nos últimos anos.
A situação só foi diferente no Pampa, que registrou leve aumento abaixo da média anual, e na Caatinga, onde houve queda de 16%.
Cicatrizes
Além do relatório anual, o Mapbiomas Fogo também lançou a Coleção 4 de Mapas de Cicatrizes de Fogo do Brasil. Consideradas em conjunto, as publicações trazem um balanço de 40 anos de dados sobre o impacto das queimadas no território nacional.
Cerca de 206 milhões de hectares foram afetados pelo fogo em cada um dos seis biomas do país nas últimas quatro décadas, segundo o Mapbiomas. A maior parte (72%) ocorreu no período de agosto a outubro, sendo que um terço apenas no mês de setembro.
Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo, disse que os dados são uma “ferramenta fundamental” para apoiar políticas públicas e ações da gestão territorial do fogo.
“Ao identificar os locais e períodos mais críticos da ocorrência do fogo, o relatório permite apoiar o planejamento de medidas preventivas e direcionar de forma mais eficaz os esforços de combate aos incêndios”, disse.
O post Incêndios atingiram 30 milhões de hectares no Brasil em 2024, diz relatório apareceu primeiro em OC | Observatório do Clima .
O post “Incêndios atingiram 30 milhões de hectares no Brasil em 2024, diz relatório” foi publicado em 28/06/2025 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima