A partir de 2027 terá início a produção em larga escala no Brasil por parte de empresas que já anunciaram investimentos
Desde 2021 o cenário sobre a utilização do hidrogênio verde como matriz energética, no Brasil, muda de forma abrupta. Foram anunciados mais de US$ 70 bilhões de investimentos até julho de 2024. E, atualmente, existem 62 projetos para a produção da tecnologia que reúnem capacidade anunciada de eletrólise de 43 GW.
Os dados foram elaborados e apresentados por Mônica Saraiva Panik, coordenadora do sub-grupo da indústria do MiBI, Made in Brazil Integrado, H2 GE8 e mentora de mobilidade a hidrogênio da SAE Brasil. O webinar Integração da Indústria Brasileira na Nova Economia de Hidrogênio, realizado de forma online pelo Sindipeças no dia 17 de Julho.
Embora haja maior concentração no Nordeste, onde estão os projetos de grande escala, com destaque para o Estado do Ceará, berço do hidrogênio verde no País, há iniciativas em todas as regiões.
Panik contou que foram mapeados mais de novecentos atores de toda a cadeia do hidrogênio verde, sendo que a maior parte deles está no Sudeste, desde a geração de energias renováveis, produção e distribuição de hidrogênio até indústrias consumidoras, setor de transporte, academia, bancos e associações.
A partir de 2027 terá início a produção em larga escala no Brasil por parte de empresas que já anunciaram investimentos e capacidade de produção, como a Fortescue, com 600 MW. Em 2029 será a vez da Casa dos Ventos, com 150 MW, AES Brasil, com 150 MW, FRV, com 500 MW, Voltalia, com 500 MW, e Cactus, com 1,12 GW.
“Embora a maior motivação seja a exportação de hidrogênio e amônia porque já é um mercado conhecido o produto também atenderá ao mercado local, que está se formando”
Afirmou a especialista, para quem movimento recente de parcerias de empresas do setor elétrico e de gás industrial com as consumidoras de hidrogênio como insumo está puxando o setor, a exemplo do fornecimento da White Martins para a Cebrace, para fazer a planificação do vidro, e da Eletrobras com a Suzano Papel e Celulose, para branquear o papel.
Na mobilidade o momento também é estratégico, assegurou Panik:
“Hoje o setor de biocombustíveis já entende que o hidrogênio não é concorrente do etanol, mas que abre novas oportunidades de negócios para o setor. E o mercado também compreende que veículo a célula de combustível não compete com o movido a bateria, uma vez que ele é um veículo elétrico que gera sua própria eletricidade por meio do hidrogênio”.
LEIA TAMBÉM: SÍLICA NA ÁGUA: CONCENTRAÇÃO DE SATURAÇÃO E FATORES IMPORTANTES NA OPERAÇÃO DE OSMOSE REVERSA DE CALDEIRAS
Outras tendências identificadas pela especialista são de que empresas tradicionais fornecedoras do setor automotivo estão fabricando e comercializando máquinas, equipamentos e componentes para o setor do hidrogênio.
E montadoras estão fornecendo tanto veículos como sistemas de células a combustível para diversas aplicações, como mobilidade, geração estacionária, marítimo, ferroviário e de máquinas de construção e logística.
No mundo inteiro são previstos US$ 500 bilhões em investimentos até 2030, com capacidade de produção de eletrólise de 200 GW. Neste contexto fabricantes de autopeças estão ampliando seu portfólio de produtos para fornecer tanto para plantas de produção de hidrogênio quanto para sistemas de célula a combustível.
O grupo de estudo número 8 do MiBI, Made in Brazil Integrado, dedicado ao hidrogênio, mapeou os fabricantes de componentes de sistema de célula a combustível e identificou que boa parte das empresas possui subsidiárias no País.
São exemplos fabricantes de sistemas de célula de combustível, stacks, o coração da célula, e placas bipolares, motivadas, principalmente, por caminhões pesados e eletrolisadores.
Bosch aposta na produção de stack, o coração da célula de hidrogênio
A Bosch é uma delas. Há um ano anunciou que estaria presente em toda a cadeia do hidrogênio, desde a produção, o armazenamento, a distribuição e o uso, a começar pela produção do stack.
Fernando de Oliveira Júnior, gerente de P&D da Bosch, listou que, apesar dos avanços, há desafios de escala e financeiros que envolvem questões técnicas da eletrólise, de parcerias. Uma vez que ninguém faz nada sozinho, e do fato de a energia renovável estar descentralizada.
No longo prazo a companhia se enxerga como facilitadora para que novas empresas possam criar suas soluções e integrá-las, assinalou o executivo. No terceiro trimestre haverá o lançamento dos primeiros projetos pilotos da companhia:
“Nosso foco é prover essa tecnologia inovadora em alta escala para ajudar a orquestrar a cadeia de fornecimento de hidrogênio e permitir a entrada de novos players industriais”.
Fica o convite para empresas juntarem forças, disse Oliveira Júnior, ao observar que a Bosch não verticalizará esta produção. Quanto à possibilidade de trazer esta linha para o Brasil afirmou que, como o stack pesa 2 toneladas, não faz sentido importar da Europa:
“No curto prazo não existe essa perspectiva mas, quando a indústria estiver mais madura, isto será avaliado. Até lá trabalharemos na capacitação das pessoas”.
O MiBi, reforçou Monica Panik, é a porta de entrada para ajudar as empresas a integrarem o setor:
“E o prazo para isso é curto, de apenas cinco ou seis anos. Fornecedores da cadeia que se interessem, portanto, devem buscar a rede colaborativa o quanto antes”.
Fonte: Autodata
LEIA TAMBÉM: AGEMS APRESENTA REALIZAÇÕES DE SANEAMENTO INCLUSIVO NO FÓRUM MS DE ECONOMIA INTELIGENTE
O post Hidrogênio Verde estará consolidado no Brasil em 2035 apareceu primeiro em Tratamento de Água .
Fonte
O post “Hidrogênio Verde estará consolidado no Brasil em 2035” foi publicado em 23/07/2024 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Tratamento de Água