Só hoje, agora que a mãe e o padrasto foram presos, é que fui me informar melhor sobre a terrível morte de Henry Borel, de 4 anos, que chegou sem vida a um hospital no Rio há um mês.
Que caso tenebroso, desses que fazem a gente chorar! Lógico que a morte/ assassinato do menino está tendo tanta repercussão porque envolve gente de classe média/alta, mas não deixa de ser tenebroso por isso.
O principal suspeito é um jovem vereador, um tal de Dr. Jairinho (nunca tinha ouvido falar), que foi eleito primeiro pelo Partido Social Cristão, depois pelo Solidariedade. É da mesma turma de Bolso e Flor de Lis, aquela que diz defender a família, a honra, a ética, os bons costumes. Certamente um homem de bem. Já estava no quinto mandato. Agora ficamos sabendo que ele tem histórico de bater nos enteados e na ex.
A desculpa dada pela mãe de que Henry caiu da cama ou do sofá (ela alega que o encontrou deitado de madrugada no chão do quarto) não se sustenta, já que as múltiplas lesões no corpo do garoto não poderiam ser causadas por uma queda de curta altura.
Com a ajuda da tecnologia , a polícia conseguiu recuperar mensagens de celular trocadas entre Monique e a babá de Henry que narra, em tempo real, que Jairinho estava trancado num quarto com o menino. Isso no dia 12 de fevereiro. Ou seja: a mãe sabia dos maus tratos. E mesmo assim continuou com o vereador, sem proteger seu filho, e mesmo assim mentiu pelo namorado nos depoimentos. No dia seguinte ao enterro do filho passou a tarde num salão cabeleireiro, o que já levantou as suspeitas dos investigadores.
Não concordo com quem diz que Monique é pior do que Jairinho. Ela não matou o filho. Mas certamente foi conivente, foi cúmplice, deixou as coisas acontecerem. Até agora não há indícios de que ela sofreu ameaças do namorado para não contar. Creio que a ficha ainda não caiu pra ela do horror do qual ela fez parte. Assim que cair, vai arranjar um advogado diferente (por enquanto é um só que defende o casal), e vai acusar o namorado. Ainda assim, será condenada. Merecidamente.
Imagino que nem Jairinho e muito menos Monique tinham a intenção de matar Henry. O vereador, numa mistura de psicopatia e desejo disciplinador, provavelmente acreditava estar “consertando” o menino com suas sessões de tortura. Assim como há muitos adeptos do “um tapinha não dói” e “uma palmada forma caráter” — ou seja, da covarde violência doméstica como medida educativa –, Jairinho achava que chutes na cabeça e socos no fígado iriam ensinar Henry a respeitá-lo. Talvez ele nem se arrependa do que fez. Arrependimento, só de não ter controlado a sua força.
Henry certamente não é a primeira nem a última criança a morrer por apanhar demais de quem deveria amá-lo e protegê-lo. Mas sempre dói constatar como podem ser cruéis os adultos da nossa espécie.
O post “HENRY, 4 ANOS, MORTO PELO PADRASTO DISCIPLINADOR” foi publicado em 9th abril 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva