O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na segunda-feira (3) que os esforços de combate às mudanças climáticas “estão sendo dificultados ainda mais por tensões geopolíticas e pela desaceleração econômica”.
O chefe da ONU discursou num encontro do Grupo de Amigos do Clima, em Nova Iorque. O grupo, criado pela Alemanha em 2018, reúne Estados-membros de todo o mundo com interesse nas questões da mudança climática.
Guterres lembrou que as Nações Unidas lançaram em janeiro a Década de Ação para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e que a ação climática será uma prioridade durante esses anos.
O secretário-geral disse ainda que conta com os esforços de todos os Estados-membros, mas também “com toda a constelação de parceiros, incluindo cidades, autoridades locais, setor privado, instituições financeiras, comunidade filantrópica e sociedade civil”.
Até o momento, 73 países se comprometeram com a neutralidade do carbono até 2050, incluindo a União Europeia. Ainda assim, esses Estados representam apenas 50% das emissões globais. Para Guterres, “esse compromisso deve se tornar universal.”
O secretário-geral da ONU afirmou também que a Convenção da ONU sobre Mudança Climática, COP 25, que aconteceu em Madri em dezembro, “foi uma decepção”. No encontro desse ano, agendado para dezembro em Glasgow, na Escócia, o mundo “não pode permitir outra reversão”, afirmou.
Medidas
Sobre o setor empresarial e financeiro, Guterres disse esperar que “chegue em breve o momento em que se entenda que não é mais rentável investir na economia cinza”.
Segundo ele, “os maiores emissores têm a responsabilidade de liderar, mas os sinais políticos são preocupantes.” Ele lembrou que é preciso acabar com as centrais a carvão, eliminar subsídios aos combustíveis fósseis e criar um imposto sobre as emissões de carbono.
De acordo com o secretário-geral da ONU, a comunidade internacional precisa aproveitar ao máximo os encontros agendados para os próximos meses.
A conferência de Transporte Sustentável, que acontece em maio em Pequim, na China, é “a oportunidade de alinhar os sistemas de mobilidade com um mundo neutro em termos de clima”.
No mês seguinte, Lisboa acolhe a Conferência dos Oceanos. Para Guterres, o evento deve ser usado “para reverter e acabar com o ataque aos ecossistemas e recursos marinhos do mundo, incluindo a poluição por plásticos”.
Na Conferência da Biodiversidade, em Kunming, na China, em outubro, o mundo deve dar passos para proteger 1 milhão de espécies que estão em risco de extinção a curto prazo.
O secretário-geral da ONU concluiu dizendo que os temas destes encontros são diferentes, mas “os vínculos entre clima, biodiversidade e desenvolvimento sustentável são verdadeiramente amplos”.
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