DO OC – Com novas tecnologias para produção e custos de implementação em queda, o uso de energias renováveis como solar e eólica cresceu 19,8% em 2024 e evitou cerca de US$ 470 bilhões em gastos com combustíveis fósseis. O aumento foi o maior desde o início dos registros, em 2000.
Os números do setor, que constam em relatório divulgado pela Agência Nacional de Energia Renovável (IRENA, na sigla em inglês), foram citados pelo secretário geral da ONU, António Guterres, em discurso sobre as oportunidades que se abrem em meio à crise climática , na última semana.
“Mais de 90% das novas energias renováveis em todo o mundo produziram eletricidade por menos do que a alternativa de combustível fóssil nova mais barata. Isso não é apenas uma mudança de poder. É uma mudança de possibilidade. Reparar nossa relação com o clima”, afirmou.
A produção de energia solar, que já chegou a custar quatro vezes mais do que uma alternativa via combustíveis fósseis, hoje é 41% mais barata, em média, segundo a agência. No caso da energia eólica offshore (a partir de plataformas em alto-mar), a economia é de 53%.
“A nova energia renovável supera os combustíveis fósseis em custo, oferecendo um caminho claro para energia acessível, segura e sustentável”, disse Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA, em nota à imprensa.
De acordo com o levantamento, as grandes plantas de geração eólica em terra continuaram como as fontes mais baratas de energia renovável em 2024, com custo médio global de US$ 0,034/quilowatt-hora (kWh), conforme a métrica LCOE (sigla em inglês para custo nivelado de eletricidade).
No caso do Brasil e da China, os custos para esse segmento ficaram ainda menores, alcançando índices de US$0,030/kWh e US$0,029/kWh, respectivamente. No documento, a IRENA avalia que os resultados refletem “a maturidade desses mercados importantes”.
A segunda opção mais vantajosa foi a energia solar fotovoltaica (US$0,043/kWh) e a terceira, a geração hidrelétrica (US$0,057/kWh).
Ao todo, de acordo com o documento, a capacidade de geração a partir de fontes renováveis cresceu 582 gigawatts em 2024, um aumento de 19,8% em relação ao ano anterior e o maior salto em 25 anos.
A energia solar foi responsável por 77,8% desses acréscimos, representando 452,1 gigawatts. Já as plantas eólicas contribuíram com outros 114,3 gigawatts. No total, o mundo fechou o ano passado com 4.443 gigawatts de capacidade renovável total.
Embora sem precedentes, aponta a IRENA, o crescimento ainda segue abaixo do necessário para o cumprimento da meta estabelecida na COP28, em Dubai: triplicar a capacidade de energia renovável até 2030, alcançando 11,2 terawatts de geração.
De acordo com o documento, para isso seria necessário acrescentar mais de 1.000 gigawatts anuais, ou o dobro do que foi alcançado em 2024.
Alcançar essa meta pode ficar ainda mais difícil quando fatores geopolíticos são lançados na equação. O documento cita riscos como tarifas comerciais e gargalos para obtenção de matérias primas que podem reverter a tendência de queda nos custos.
“Para salvaguardar os ganhos da transição energética, devemos reforçar a cooperação internacional, garantir cadeias de suprimentos abertas e resilientes e criar políticas estáveis e estruturas de investimento — especialmente no Sul Global. A transição para as energias renováveis é irreversível, mas seu ritmo e justiça dependem das escolhas que fazemos hoje”, declarou Camera.
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O post “Geração de energia renovável tem maior salto em 25 anos” foi publicado em 29/07/2025 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima