DO OC – A marinha de Israel interceptou , entre a noite de ontem (1/10) e a madrugada desta quarta-feira (2/10), as embarcações da Global Sumud Flotilha. Os mais de 40 barcos da missão humanitária que levava alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza foram atacados em águas internacionais quando se aproximavam do enclave palestino.
Entre os mais de 400 detidos, estão a ativista climática sueca Greta Thunberg e 11 brasileiros: Thiago Ávila, da coordenação da missão, Bruno Gilga, porta-voz da delegação brasileira, a deputada federal Luizianne Lins, a vereadora de Campinas Mariana Conti e os ativistas Ariadne Telles, Gabriele Tolotti, Lisiane Proença, Lucas Gusmão, Magno Costa, Mansur Peixoto e Mohamad El Kadri, libanês-brasileiro. Nicolas Calabrese, argentino residente no Brasil e parte da delegação, também foi detido.
Segundo a assessoria do movimento, o veleiro Mikeno, que leva a bordo o brasileiro João Aguiar, possivelmente chegou à costa palestina. “Embora o rastreador indique que o barco tenha alcançado as águas territoriais de Gaza, não houve mais sinais de navegação e, até o momento, não sabemos seu paradeiro”, diz o comunicado oficial da manhã desta quinta-feira (2/10).
Horas depois, veículos independentes informaram que o veleiro foi interceptado após atravessar o bloqueio e entrar em águas palestinas – o que ainda não foi confirmado pela missão.
O governo brasileiro condenou a ação militar de Israel e lembrou o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais. “O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”, disse, em comunicado.
A declaração oficial destacou o caráter pacífico da flotilha e pediu o fim imediato e incondicional de todas as restrições israelenses à entrada e distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, “em consonância com as obrigações de Israel, como potência ocupante, à luz do direito internacional humanitário”.
Vanessa Dias, esposa de Bruno Gilga, porta-voz da delegação brasileira da Flotilha, pediu a ruptura das relações do Brasil com Israel, a quem chamou de “Estado genocida”: “O que dizer de um governo que usa a fome como arma de guerra e que agora impede a chegada de ajuda humanitária a um povo que está com seus dias contados, se nada for feito? É um Estado genocida”, disse, em entrevista ao OC.
“O meu esposo e outros ativistas foram sequestrados ilegalmente em águas internacionais por Israel, pelas forças armadas mais violentas do mundo, ao tentar levar comida e remédios para o povo palestino. O que mais precisa acontecer para o governo brasileiro tomar medidas enérgicas de defesa desses brasileiros? O que mais precisa acontecer para que o governo rompa as relações diplomáticas, comerciais e militares com Israel?”, indagou.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou ontem que, caso a detenção das duas colombianas integrantes da missão fosse confirmada, expulsaria os diplomatas israelenses do país e denunciaria o Tratado de Livre Comércio entre Colômbia e Israel (o que, na prática, significa o fim do acordo comercial).
Segundo o governo de Israel, os ativistas detidos serão deportados. Uma publicação na conta oficial do Ministério de Relações Exteriores israelense em uma rede social chamou as embarcações de “iates” e a missão de “provocação Hamas-Sumud”. “Nenhum dos iates da provocação Hamas-Sumud teve sucesso na sua tentativa de entrar em uma zona de combate ou romper o bloqueio naval legal. Todos os passageiros estão seguros e em boas condições de saúde”.
Em setembro, uma Comissão de Inquérito Independente nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU afirmou que as ações de Israel em Gaza constituem genocídio. “Está claro que há a intenção de destruir os palestinos em Gaza por meio de atos que atendem aos critérios estabelecidos na Convenção para Prevenção e Punição do Crime de Genocídio”, afirmou a presidente da Comissão, Navi Pillay.
No ano passado, a Corte Internacional de Justiça, o principal órgão judicial da ONU, emitiu resoluções provisórias no caso aberto pela África do Sul, que acusa Israel de cometer genocídio em Gaza. Uma das determinações da corte é que Israel permita a entrada de ajuda humanitária ao enclave palestino, onde mais de 60 mil pessoas já morreram desde 2023. Apenas hoje , mais de 50 palestinos já foram mortos em Gaza.
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O post “Flotilha rumo a Gaza é interceptada por Israel” foi publicado em 02/10/2025 e pode ser visto originalmente na fonte Observatório do Clima