Agora parte da terceira via está chamando dizer que Lula tem chances reais de ganhar no primeiro turno de “terrorismo eleitoral”.
Semana passada Gregorio Duvivier fez um GregNews muito bom falando de Ciro Gomes. Nada realmente que a gente não soubesse, exceto (pelo menos no meu caso) seu envolvimento com o Beach Park. Ciro foi governador do Ceará entre 1991 e 94 e, durante o período, “beneficiou” o parque aquático em Aquiraz, CE, asfaltando uma estrada de acesso e fazendo propaganda pro parque privado com dinheiro público, da Secretaria de Turismo do Estado. Até aí, outros governadores fizeram e fazem o mesmo. Mas o estranho foi que Ciro, ao voltar de Harvard, em 97, foi trabalhar no Beach Park. Esta matéria da época mostra parte das irregularidades envolvidas.
Duvivier diz que votou em Ciro em 2018, mas que agora votará em Lula já no primeiro turno, e recomenda que os outros façam o mesmo. Ele dá a entender que se decepcionou com Ciro quando ele foi pra Paris, um dia depois do primeiro turno, e pergunta algo que, até agora, não vi ninguém perguntar: quando Ciro comprou a passagem pra Paris? Na véspera (ele já sabia que iria perder)? Com antecedência? Ou no dia? É uma dúvida pertinente.
É óbvio que Ciro perdeu muitos votos ao decidir ir pra Paris num dos momentos mais críticos da nossa história. Coisa de covarde mesmo, de irresponsável, de quem não se preocupa com o Brasil. Assim como Duvivier, não creio que Haddad ganharia se Ciro tivesse ficado e se empenhado na campanha contra Bolso (como Brizola fez em 89 com Lula). E também não creio que Ciro venceria Bolso se, por um milagre, o parisiense chegasse ao segundo turno. Mas ele ter fugido sepultou para sempre suas chances. E a prova é que, se em duas disputas ele teve 12%, hoje pena para alcançar 8%. E o cabra é tão arrogante que diz não se arrepender ter ido pra Paris. Diz até que iria de novo (talvez vá, em outubro).
Tem muita gente pedindo pra Ciro desistir. Pessoalmente, não espero nada dele. Nenhum gesto de grandeza, nenhuma humildade (lógico que, mesmo que ele não desista, o eleitor pode desistir dele, votando útil já no primeiro turno). Há grandes chances de Ciro não ser candidato, mas essa decisão não partirá dele, e sim do PDT, que vislumbrava que ele teria 15% a essa altura do campeonato (ainda mais com o maior nome da terceira via, Sérgio Moro, fora da corrida). Ter um candidato majoritário fraco prejudica as candidaturas de pedetistas e seus (poucos) aliados a deputado estadual, federal e senador, até governador. Esvazia palanques e comícios. Portanto, não é nada impossível que, dentro de algumas semanas, o PDT tire a candidatura Ciro da tomada e apoie Lula.
Se isso acontecer, qual será o discurso de Ciro? Sairá esperneando e xingando o PDT e procurará um oitavo partido para concorrer em 2026 (ele disse que esta seria sua última disputa, mas ninguém acredita)? Ou vai mentir fingindo estar abdicando do seu projeto, num vale-tudo para derrotar o mal maior, o fascismo que Bolso representa? A segunda opção seria mais inteligente. Até porque em 2026 todos os outros candidatos terão mais chances sem um ícone como Lula presente.
Pra terminar este post, deixo uma mensagem de esperança pra gente que acredita que o Brasil pode sair do buraco. São observações de Marcos Coimbra , diretor do Vox Populi, e evidentemente um grande especialista em pesquisas eleitorais. Coimbra lembra que, desde maio de 2021 (um ano já!), quando Lula voltou ao jogo, vem liderando as pesquisas. Sua vantagem diante de Bolso nunca foi menor que 15 pontos. Para Coimbra, Lula não é o favorito por liderar as pesquisas. É o favorito porque a maior parte da população o escolheu, em detrimento de dezenas de outros nomes que foram apresentados.
Coimbra explica que, desde 1989, vence o candidato que estava na frente das pesquisas seis meses antes do pleito.
Em maio de 89, Collor tinha 38%, segundo o Ibope.
Em 94, Coimbra diz que “a vantagem [de FHC, então ministro da Fazenda de Itamar] só era percebida nos bastidores, por quem acompanhava a ligação siamesa entre sua campanha e o lançamento do Plano Real”. De fato, o Plano Real mudou tudo, e FHC foi eleito no primeiro turno.
Em maio de 98, FHC tinha 34%, segundo o Datafolha.
Em maio de 2002, Lula tinha 31% (Datafolha).
Em maio de 2006, Lula tinha 40% (Datafolha).
Em abril de 2010, quando os entrevistados do Vox Populi eram informados que Dilma era a candidata de Lula, ela tinha 42%.
Em abril de 2014, Dilma tinha 38% (Datafolha).
Em maio de 2002, Lula tinha 31% (Datafolha).
Em maio de 2006, Lula tinha 40% (Datafolha).
Em abril de 2010, quando os entrevistados do Vox Populi eram informados que Dilma era a candidata de Lula, ela tinha 42%.
Em abril de 2014, Dilma tinha 38% (Datafolha).
A única exceção foi em 2018. Quem estava disparado na frente foi proibido de concorrer.
Para Coimbra, Lula “não é apenas favorito, é o maior favorito que já tivemos”. E tem boas chances de, pela primeira vez, ganhar no primeiro turno. É só isso que eu te peço, Brasil!
Para Coimbra, Lula “não é apenas favorito, é o maior favorito que já tivemos”. E tem boas chances de, pela primeira vez, ganhar no primeiro turno. É só isso que eu te peço, Brasil!
O post “FATO: LULA TEM CHANCES DE GANHAR NO PRIMEIRO TURNO” foi publicado em 17th May 2022 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva