Mau negócio comprovado em termos ambientais, o apetite da Petrobras por novas áreas para a extração de petróleo e gás também poderá se revelar um desastre financeiro.
É o que afirma o relatório “O Brasil em uma encruzilhada: Repensando a expansão de petróleo e gás da Petrobras” , lançado nesta semana pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD, na sigla em inglês), a World Benchmarking Alliance (WBA) e o WWF-Brasil.
De acordo com o documento, até 85% da extração prevista pela companhia não seria viável economicamente em um cenário em que o Acordo de Paris seja cumprido, ou seja, com a manutenção do limite de 1,5°C de aquecimento até 2100.
“Os empreendimentos de maior risco da Petrobras só gerariam lucro se as temperaturas globais subissem 2,4°C ou mais – bem além dos limites climáticos acordados internacionalmente”, afirmam as entidades, em nota.
A Petrobras representa sozinha mais da metade dos planos de expansão de campos de petróleo e gás no país. Até 2029, a empresa prevê investir 97 milhões de dólares (R$ 536 milhões de reais, na cotação atual) em exploração, produção, transporte e refino.
O problema é que, de acordo com o relatório, o atendimento à demanda global de petróleo não dependeria de novos campos de produção em um cenário de 1,5 °C.
“Os projetos de custo mais alto da Petrobras só poderão gerar lucro se os governos do mundo inteiro não fizerem nada para acelerar a transição para a energia limpa”, aponta o documento.
Novo mandato
O levantamento reconhece que a Petrobras tomou medidas para “descarbonizar as operações e diversificar para energias de baixo carbono”. No entanto, esses esforços representam apenas 15% do investimento total plevisto até 2029.
Está marcado para 17 de junho um megaleilão de 172 blocos para exploração de petróleo e gás. No pacote a ser oferecido há 47 blocos offshore na bacia da Foz do Amazonas.
“Nossa análise mostra que a exploração de petróleo e gás na Foz do Amazonas não só representa riscos ambientais para as populações locais, mas também contribui para a perda de biodiversidade em toda a Amazônia”, afirmou Ricardo Fujii, coautor do relatório e líder de transição energética do WWF-Brasil.
O relatório defende a redefinição do “mandato” da companhia, com um plano “confiável e ambicioso, alinhado com as metas climáticas e de desenvolvimento sustentável”.
“O Brasil tem uma oportunidade real de liderar no clima e preparar sua economia para o futuro”, diz Joachim Roth, coautor do relatório e líder de Política Climática da World Benchmarking Alliance. “Pode fazer isso redefinindo o mandato da Petrobras, encerrando novas licenças de petróleo e gás e alinhando os planos de transição nacionais e do setor privado por meio de uma abordagem governamental integrada”. (RODRIGO VARGAS)
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O post “Estudo aponta risco financeiro em planos de expansão da Petrobrás” foi publicado em 17/06/2025 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima