Impactos ambientais: Muros de contenção, muretas, quebra-mares e espaços de atracamento de embarcações somam 245 km na linha costeira do litoral de SP, o que equivale a três vezes a distância entre Santos (SP) e São Paulo.
Muros de contenção, muretas, quebra-mares e espaços de atracamento de embarcações somam 245 km na linha costeira do litoral de SP, o que equivale a três vezes a distância entre Santos (SP) e São Paulo.
Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que o litoral paulista possui 245 km de estruturas artificiais na linha costeira, que são muros de contenção, muretas, quebra-mares, espaços de atracamento de embarcações e moradias como as palafitas. Das construções, 63% estão situadas na Baixada Santista.
A pesquisa revelou que ocupações próximas às praias e margens de mangue fazem com que a região seja mais afetada por ressacas e alagamentos. Outro problema observado é a perda de biodiversidade. O estudo apontou para uma invasão de espécies não são nativas, o que impacta de forma negativa na pesca e turismo.
Sobre as estruturas artificiais:
- 245 km: é a extensão pela costa paulista, o equivalente a três vezes a distância entre os centros de Santos e São Paulo
- Moradias: correspondem a 20% das estruturas artificiais
- Contenções, portos e quebra-mares: representam os 80% restantes
A pesquisadora do Instituto do Mar da Unifesp – Campus Baixada Santista, Aline Martinez, explicou que o estudo teve como objetivo entender o impacto do crescimento das cidades perto do mar.
1ª etapa do estudo
A primeira etapa do estudo, segundo a oceanógrafa, foi entender qual a extensão que já tinha de área construída no litoral de São Paulo. Aline apontou que, até então, não se tinha dados precisos sobre as ocupações e estruturas erguidas perto da linha d’água.
A pesquisadora explicou que 80% das estruturas mapeadas estão relacionadas com o porto ou contenções costeiras, enquanto outros 20% incluem moradias, por exemplo, palafitas.
“Demorou muito tempo para estudos sobre o impacto. Agora, a gente já sabe que, do jeito que elas são construídas, têm um impacto muito grande [no meio ambiente]”, explicou.
Aline apontou, ainda, que as características dessas estruturas artificiais tiram a complexidade do que é natural. Segundo ela, portanto, as construções contribuem para a diminuição da ocupação de espécies nativas. “Você acaba tendo uma perda da biodiversidade”.
Ao mesmo tempo que há perda de biodiversidade, há uma invasão de espécies que não são nativas. Isso, a longo prazo, de acordo com a pesquisadora, impacta de forma negativa na pesca e no turismo.
Soluções
O uso de princípios da engenharia, atrelado aos conceitos de ecologia, é uma das soluções para as áreas que já possuem construções.
“Uma mureta que é lisa, a gente pode acoplar uma estrutura que tenham formas, organismos de um ambiente natural para revitalizar esses ambientes”.
Aline explicou que a solução citada acima está sendo desenvolvida com uma universidade da Austrália.
2ª etapa do estudo
Áreas urbanizadas e vulneráveis
Outra etapa do mapeamento visou medir a extensão de áreas urbanizadas a 100 metros de distância das praias e margens de rio. Esse dado, de acordo com a pesquisadora, identificou as áreas vulneráveis às mudanças climáticas, ou seja, com potencial de sofrerem com inundações e ressacas.
“A gente tem 300 km de costa que são construções próximas às praias, que não estão em cima [na faixa de areia], mas próximas e, inclusive, pegam terrenos de marinha”, afirmou ela.
Desse total, 235 km perto de praias e 67 km próximos a manguezais e margens estuarinas, o que significa que mais de 25% da linha costeira do estado possui populações humanas e infraestruturas urbanas.
Planos de proteção
A pesquisadora afirmou que boa parte das praias e margens de mangue na Baixada Santista e Litoral Norte estão com ocupações próximas a esses habitats naturais — áreas mais propícias a sofrerem com ressacas e alagamentos.
“Nessas áreas seria necessário começar a pensar em planos de adaptação para proteger essas áreas, seja restauração de mangue, proteção das praias onde elas se encontram, mas começar a pensar em estratégias para evitar que essas regiões já construídas sofram com ressacas”, afirmou.
De acordo com a pesquisadora, nas áreas ainda não ocupadas, a sugestão é que haja um planejamento de onde construir e não construir nas beiras de praias.
“No litoral sul a gente tem o maior potencial de resiliência climática natural. Então, tentar preservar essas áreas é a maior estratégia de preservar as cidades no futuro”.
Mapeamento e benefícios
O professor e pesquisador do IMar/Unifesp, Ronaldo Christofoletti, ressaltou que o mapeamento identificou que o litoral sul é o que traz maior benefício de resiliência climática ao estado porque é o que ainda está mais conservado, com a menor quantidade de estruturas artificiais. Na Baixada Santista e Litoral Norte são onde têm a maior quantidade.
Naturalmente a ressaca encontraria areias, manguezais, restingas e vegetação, que a amorteceria. No entanto, de acordo com Christofoletti, o processo de urbanização levou as cidades muito próximas das linhas d’água. “Usando concreto tradicional, estruturas que, em contato com a onda, viram um problema porque não absorvem a água, pelo contrário, eles geram mais força”.
O estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi publicado na última quarta-feira (26) na revista científica Anthropocene Coasts. Agora, os pesquisadores darão continuidade do projeto com o mapeamento de todo o litoral brasileiro.
Fonte: g1
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O post “Estruturas artificiais no litoral paulista causam impactos ambientais e exigem ações urgentes; entenda” foi publicado em 09/07/2024 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Tratamento de Água