A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) atualizou um relatório publicado em 2021 e reforçou que o planeta precisa acelerar a transição energética e impedir a abertura de novos projetos para a exploração de combustíveis fósseis. As medidas são urgentes para que o aquecimento global seja limitado em 1,5 °C acima da temperatura do período pré-industrial.
De acordo com a atualização , políticas rigorosas e eficazes estimulam a implantação de energia limpa e poderão reduzir a demanda por combustíveis fósseis em mais de 25% até 2030 e 80% em 2050. Porém, projetos de petróleo e gás já aprovados precisam manter o investimento, mas com redução, enquanto o investimento para energia limpa deve ser crescente para evitar picos de preços prejudiciais.
Segundo o documento, as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) do setor de energia atingiram um recorde de 37 bilhões de toneladas em 2022, 1% acima do nível anterior à pandemia de Covid-19 declarada em 2020. As emissões ainda devem atingir o pico nesta década. Por outro lado, o mercado de energia limpa teve avanço nos últimos anos, mas precisa de mais ambição para dominar o cenário. “O setor de energia está mudando mais rápido do que muitas pessoas pensam, mas muito mais precisa ser feito e o tempo é curto”, diz o relatório.
Até 2035, as emissões de gases poluentes precisam diminuir 80% nas economias ricas e 60% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento em comparação com o nível de 2022. Porém, as Contribuições Atuais Determinadas Nacionalmente (NDCs) não estão ambiciosas o suficiente para alcançar esse percentual, destaca a análise.
“Tanto as economias avançadas quanto as economias emergentes e em desenvolvimento precisam fortalecer a ambição. Uma cooperação internacional justa e eficaz é urgentemente necessária para desbloquear o investimento em energia limpa em mercados emergentes e economias em desenvolvimento que não sejam na China”, reforça.
A IEA ressalta que o mundo deve investir US$ 1,8 trilhão em energia limpa em 2023 e US$ 4,5 trilhões em cada ano seguinte até o início da década de 2030. “Isso exigirá políticas domésticas mais fortes junto com apoio internacional aprimorado e mais eficaz”, diz o documento.
Um intenso crescimento na produção de energia limpa junto com outras medidas políticas podem reduzir as emissões de CO2 no setor de energia em até 35% até 2030 em comparação com 2022. A redução das emissões de metano em 75% até 2030 também é essencial para limitar o aquecimento global. Segundo o relatório, reduzir esse percentual nas operações de petróleo e gás natural custa cerca de US$ 75 bilhões em gastos cumulativos no período, o equivalente a 2% da receita líquida recebida pelas petrolíferas em 2022.
A captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS, na sigla em inglês), combustíveis à base de hidrogênio e hidrogênio e bioenergia sustentável são fundamentais para alcançar as emissões líquidas zero, sendo que precisam de um rápido progresso nos próximos anos. No entanto, é preciso lembrar que o histórico da CCUS tem sido de baixo desempenho.
A análise também ressalta que é preciso preencher a lacuna de oferta e demanda por minerais críticos, como níquel e lítio. Portanto, são necessários novos projetos, técnicas inovadoras de extração e mais reciclagem. Esses minerais são essenciais para a produção de baterias usadas em carros elétricos. (PRISCILA PACHECO)
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