Keibelin é uma mulher migrante venezuelana proveniente da cidade El Tigre , localizada no estado de Anzoategui. Em seu país, especializou-se em Ajudante de Cozinha, ofício que desempenhava até migrar para o Brasil em 2017.
“Eu trabalhava muito e meu esposo também, mas o que ganhávamos passou a ser insuficiente para manter nossos filhos”, relatou Keibelin.
Mãe de dois filhos, um de seis e outro de um ano, Keibelin viu a situação econômica da sua família piorar. Em meio a esse difícil momento, descobriu uma nova gravidez que lhe tomou de surpresa e a jogou em um cenário de tristeza, depressão e altos níveis de estresse.
“Foi duro e difícil”, ela conta. “Depois de vários meses eu aceitei, mas decidimos que deveríamos sair da Venezuela porque o que ganhávamos já não era suficiente para uma família de quatro pessoas. Com mais um, seria impossível”, avaliou Keibelin.
Um recomeço – e um parto – no Brasil
Em 2017, o companheiro de Keibelin decidiu migrar para o Brasil. Ele fez a travessia sozinho com a intenção de não expor sua família aos riscos de se mudar para um lugar que não conheciam.
Meses depois do mesmo ano, Keibelin e seus filhos chegaram também a Boa Vista. Ela, que estava à espera do seu terceiro filho, deu à luz no Brasil, em 2018.
O novo integrante da família enfrentou um difícil começo, porque nasceu com uma enfermidade pulmonar e ficou internado por mais de vinte dias em estado grave, com um prognóstico pouco esperançoso.
Hoje, Keibelin comemora a vida do terceiro filho, que já completou um ano.
“Eu estou muito agradecida com esse país, porque sinto que se meu filho não tivesse nascido aqui, não teria se salvado. Ele não teria as mesmas condições de atenção e cuidado como teve aqui”, comentou a mãe aliviada.
Progredindo no novo país
Keibelin e sua família seguem vivendo em Boa Vista, trabalhando, buscando estabilidade e integração. Durante esse processo, ela não abre mão de acessar alternativas de aprendizado que possam apoiar o seu progresso no novo país.
Ela participa de um projeto de empoderamento econômico e de promoção de espaços seguros para mulheres, realizado pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). A partir dessa experiência com o projeto da UFRR, a jovem mãe venezuelana teve a oportunidade de participar das formações em saúde sexual, reprodutiva e direitos promovidas pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em Roraima.
Keibelin avalia essas oportunidades como importantes para o seu desenvolvimento pessoal. “Quando saí das quatro paredes de casa, descobri a possibilidade de fazer outras coisas e ter acesso a informações que não tinha antes”, apontou.
Ela conta que as formações oferecidas pela agência da ONU foram importantes não somente para ela, mas para as outras mulheres do grupo.
“Nós não conhecíamos muitas das informações que nos foram dadas e, depois disso, conversei pela primeira vez com meu companheiro sobre sexualidade e cuidado com o nosso corpo”, contou a jovem venezuelana.
UNFPA na resposta humanitária em Roraima
Em casos de emergências humanitárias, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) é a agência do sistema ONU responsável por prevenir e oferecer respostas para a violência sexual e violência baseada em gênero.
Além disso, o UNFPA também trabalha para garantir o pleno acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, o que inclui saúde materna e planejamento reprodutivo.
Em Roraima, o UNFPA Brasil participa das três fases da Operação Acolhida – iniciativa do governo federal responsável por coordenar a resposta e atendimento às pessoas refugiadas e migrantes que chegam ao país oriundas da Venezuela.
Atualmente, Keibelin e sua família aguardam a interiorização. Enquanto isso, ela segue em busca de conhecimento sobre o próprio processo migratório e na esperança de fazer outras coisas com a sua família, consciente de que em uma situação adversa é preciso seguir em frente.
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