DO OC – O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, elogiou nesta quinta-feira (18) os rumos do país na transição energética. “O Brasil, sob a liderança do presidente Lula, decidiu avançar efetivamente na transição energética que nós defendemos que seja justa, inclusiva e, se possível, como destaca o Papa Francisco, obrigatória”, disse. O chefe da Igreja Católica foi citado duas vezes pelo ministro. No entanto, diferentemente de Silveira, Francisco defende a eliminação rápida dos combustíveis fósseis.
Sentado ao lado da americana Vicki Hollub, presidente da Occidental Petroleum, Silveira participou do debate sobre avanços na transição energética , um dos temas destacados no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que teve início na segunda-feira (15). Com menos de cinco minutos para falar, o ministro exaltou o potencial do Brasil para produzir energia hidrelétrica, solar, eólica e com biomassa. Citou o aumento de linhas de transmissão para levar energia elétrica a regiões isoladas da Amazônia dependentes de combustíveis fósseis e defendeu os créditos de carbono internacionais como uma fonte financeira para acelerar a transição energética.
O discurso foi parecido com o feito na terça-feira (16) durante a mesa “Transformação Sustentável do Brasil”. Nenhuma menção sobre a exploração de combustíveis fósseis, que ele costuma defender. Alguns minutos depois, porém, Silveira interrompeu o empresário australiano Andrew Forrest e defendeu a continuidade da exploração de petróleo. “Não posso deixar de concordar com a Vicki [Hollub] sob a necessidade de ser uma transição também equilibrada porque milhares de pessoas e países como o Brasil, a despeito de todas as suas potencialidades, tem potencialidade de petróleo e nós temos uma das grandes petroleiras do mundo”, disse.
“Eu não estou aqui para falar de ideologia. Sou cientista e é por isso que estou investindo no Brasil em energias renováveis e não em petróleo e gás”, respondeu Forrest. O empresário é um dos homens mais ricos da Austrália, dono de uma fortuna que vem da exploração de minério de ferro. Em novembro do ano passado, Forrest se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para confirmar um investimento de US$ 5 bilhões para um projeto para a produção de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário de Pecém, no Ceará.
A defesa por Silveira dos combustíveis fósseis e a negação de que a produção precisa acabar rapidamente são alguns dos fatores que têm ilustrado a contradição do governo Lula na área ambiental. O discurso desinformativo de que seria necessário investir em fósseis “para financiar a transição energética ” aparece constantemente nas falas de autoridades do governo, incluindo Silveira. Também em Davos, Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, hesitou em falar sobre a contradição brasileira, mas criticou os investimentos para a indústria fóssil.
“O mundo vive em uma contradição: a de ter que enfrentar a mudança climática e uma matriz energética que é fóssil predominantemente, em que se continua fazendo investimentos na ordem de US$ 7 trilhões para energia fóssil, e não consegue os US$ 100 bilhões para fazer a transformação ecológica do planeta”, disse Marina em um debate realizado na terça-feira no Fórum sobre a Amazônia. (PRISCILA PACHECO)
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