Publico hoje um texto anônimo deixado por um comentarista frequente, o Avasconsil, dando um exemplo prático de como a reforma da previdência foi péssima pros brasileiros (a gente avisou).
Para quem apoiou a reforma da previdência sem entender o resultado, eis um caso concreto do resultado:
Antônio, depois de muito estudar, virou técnico judiciário do TRT. Infelizmente, não resistiu à COVID que contraiu e morreu com 44 anos. Com 15 anos de serviço no Tribunal, deixou esposa de 40 anos e um filho de 11 anos.
Após o luto, a esposa de Antônio deu entrada na papelada pra ficar com a pensão do seu companheiro de 15 anos. Lá, a servidora da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) lhe explicou o seguinte:
1) Como Antônio ingressou em 2006 no serviço público, não tem direito à aposentadoria integral e já pegou a regra da média das contribuições.
2) Como a esposa de Antônio tem 40 anos, não terá direito à pensão vitalícia. Só poderá contar com a pensão pós-morte durante 15 anos.
3) Após calcular a média das contribuições de Antônio, a Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) chegou à conclusão de que essa média foi de 8.000,00 (valor presente).
4) A SGP explicou à viúva de Antônio que, como o servidor morreu com 15 anos de contribuição, o cálculo será feito com base em 60% da média das contribuições, o que dá 4.800,00.
5) A viúva de Antônio ainda ficou sabendo que, como o servidor deixou dois dependentes, a pensão será paga da seguinte forma:
– 70% de 4.800 até o filho completar 21 anos, o que dá 3.360,00 (por mais 10 anos) para a família e
– 60% de 4.800,00 (2.880,00), por mais 5 anos.
– Depois de 15 anos, a viúva perderia a pensão pra sempre.
A viúva de Antônio, que está desempregada, saiu de lá arrasada e pensou como fará pra pagar as contas do mês, incluindo o aluguel de um apto de 2 quartos na Zona Norte.
Quando a gente não luta contra a retirada de direitos, não adianta chorar depois! Essa foi a reforma da previdência, que foi aprovada pelo Governo Bolsonaro!
Portanto, agora temos que lutar contra a Reforma Administrativa e a favor da manutenção da estabilidade.
E aqui um texto do próprio Avasconsil:
“NÃO VOU MAIS ADOTAR POR CAUSA DA REFORMA”
Foi por causa da reforma da previdência que eu abandonei a ideia da adoção. Pensava em adotar uma criança. Desisti e decidi poupar o que gastaria com ela pra minha própria velhice. Ou para uma eventual invalidez, que nunca se sabe. A aposentadoria por invalidez também é péssima. Só é integral se a enfermidade tiver nexo causal com o trabalho. Tenho certeza de que não vou ser o único a desistir de ter filho, biológico ou adotivo, por causa da reforma da previdência e das outras reformas neoliberais.
Ou seja, a reforma da previdência e as outras reformas vão acelerar o envelhecimento da população, pois muita gente da classe média não vai ter filhos. Isso vai fazer a previdência ter mais déficit num futuro que vai chegar mais cedo, num círculo vicioso da pobreza e do empobrecimento, pois novas reformas virão mais na frente. Possivelmente até com o fim da Constituição Federal de 1988 e seus muitos direitos, como férias e décimo-terceiro. Porque é difícil demais ser rico no Brasil.
Deu pra perceber que o círculo vicioso da pobreza e do empobrecimento não vai acabar nunca. Quanto menor a resistência e maior o silêncio coletivos, pior vai ser. Você aí que tem filhos e netos: já se perguntou como eles viverão quando estiverem adultos? Até o mercado do Uber pode saturar. E não é todo mundo que leva jeito pra enriquecer como “influencer”. Nas próximas eleições pense melhor antes de dar seu voto ao neoliberalismo. Quanto mais neoliberal o candidato, pior pra você pra sua descendência. Foram mais de 57 milhões de pessoas estúpidas em 2018. Tomara que em 2022 sejam menos. Bem menos. O máximo possível menos.