DO OC – Mudanças climáticas e eventos extremos quintuplicaram o número de desastres naturais em 50 anos, aponta relatório divulgado nesta terça-feira (31/8) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Foram reportados mais de 11 mil desastres de 1970 a 2019, com pouco mais de 2 milhões de mortes e US$ 3,64 trilhões em danos.
O documento afirma que as perdas econômicas aumentaram setes vezes nas cinco décadas, mas o número de mortes diminuiu quase três vezes no mesmo período, em razão de alertas precoces e gerenciamento aprimorado. No entanto, isso ocorreu de maneira desigual no planeta: mais de 91% das mortes se concentraram em países em desenvolvimento.
O relatório, que teve participação do Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), é apontado como a revisão mais abrangente sobre o tema. Os desastres climáticos representaram metade de todos os desastres, concentrando 45% de todas as mortes reportadas e 74% de todas as perdas econômicas no período.
Dos 10 principais tipos de desastres documentados, as secas foram as mais mortais (650 mil mortes). Tempestades causaram 577,2 mil mortes, seguidas de inundações (58,7 mil mortes) e eventos de temperaturas extremas (55,7 mil mortes).
O número de mortes caiu de mais de 50 mil por ano na década de 1970 para menos de 20 mil na década de 2010.
Já as perdas econômicas aumentaram sete vezes em 50 anos: de uma média diária de US$ 49 milhões (na década de 1970) para US$ 383 milhões (no período 2010-2019).
Três dos dez desastres mais caros são furacões que ocorreram em 2017 no Atlântico Norte: Harvey (US$ 96,9 bilhões), Maria (US$ 69,4 bilhões), e Irma (US$ 58,2 bilhões). Sozinhos, eles foram responsáveis por 35% de todas as perdas econômicas dos 10 maiores desastres globais de 1970 a 2019.
“Eventos extremos estão aumentando e se tornarão mais frequentes e graves em muitas partes do mundo como resultado das mudanças climáticas”, resumiu o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. “Isso significa mais ondas de calor, secas e incêndios florestais como aqueles observados recentemente na Europa e América do Norte.”
Para o chefe da OMM, o aumento de vapor d’água na atmosfera exacerbou precipitações extremas e inundações, ao passo que o aumento da temperatura dos oceanos afetou a frequência e a extensão de tempestades tropicais.
Taalas avalia que as perdas econômicas estão aumentando à medida que a exposição aumenta, mas “sistemas aprimorados de alerta precoce levaram a uma redução significativa na mortalidade”. No entanto, apenas metade dos 193 países-membros da OMM têm sistemas de alerta precoce multirriscos, e há lacunas consideradas graves nas redes de observação climática e hidrológica na África, em algumas partes da América Latina e nos países insulares do Pacífico e do Caribe, aponta o documento.
”Mais vidas estão sendo salvas graças aos sistemas de alerta precoce, mas também é verdade que o número de pessoas expostas a risco de desastre aumenta devido ao crescimento populacional em áreas expostas a perigos e à crescente intensidade e frequência de eventos climáticos”, avaliou a representante especial da ONU e chefe do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres, Mami Mizutori.
”Mais cooperação internacional é necessária para combater os problemas crônicos que submetem um enorme número de pessoas ao deslocamento todos os anos por inundações, tempestades e seca”, disse a chefe do UNDRR. Mizutori alertou para a necessidade de mais investimentos em gestão do risco de desastres para garantir adaptação às mudanças climáticas.
Segundo ela, o fracasso em reduzir as perdas decorrentes de desastres “está colocando em risco a habilidade de países em desenvolvimento de erradicar a pobreza e atingir outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.
Na América do Sul as enchentes causaram o maior número de desastres (59%), a maior perda de vidas (77%) e a maior perda econômica (58%) no período de 50 anos analisado.
O post “Desastres naturais aumentam cinco vezes em 50 anos” foi publicado em 1st September 2021 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima