Crise da água
O Brasil já apresenta sérios índices de crise hídrica, de norte a sul do país e que, de acordo com estudo da ANA, devem se agravar ainda mais
Apesar de ser mundialmente conhecido pela sua abundância hídrica, o Brasil corre sérios riscos de perder disponibilidade de água, conforme estudos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
No estudo “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil”, a Agência traz dados alarmantes: as reservas de água no Brasil podem cair em mais de 40% até 2040.
O território brasileiro tem passado por seca em todos os meses desde julho de 2014, quando teve início o acompanhamento do fenômeno pelo Programa Monitor de Secas, trabalho coordenado pela ANA.
E, como os recursos hídricos estão fortemente conectados com o desenvolvimento econômico, social e ambiental dos países, houve um aumento das necessidades por esses recursos, ao mesmo tempo em que a imprevisibilidade causada pelas mudanças climáticas, leva não somente à escassez desses recursos, como também a eventos climáticos extremos.
Regiões mais impactadas
De acordo com o estudo, as regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste são as mais afetadas, com uma queda na disponibilidade hídrica.
Enquanto isso, a região Sul apresenta uma tendência oposta, com um possível aumento de até 5% na disponibilidade hídrica até 2040.
No entanto, essa melhoria vem acompanhada de maior imprevisibilidade climática, com aumento da frequência de cheias e inundações, desafiando a infraestrutura e a gestão de recursos hídricos da região.
Crise já é realidade
Essa previsão se mostra aproximada de uma realidade que já vivemos, onde principalmente as regiões norte e centro-oeste enfrentam meses de seca e estiagem, além de incêndios florestais intensos.
Segundo o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre junho de 2023 e junho de 2024, o bioma soma 9.014 ocorrências de focos de fogo, quase sete vezes mais que os 1.298 registrados pelo sistema no mesmo período do ano passado.
As principais causas dos incêndios são o desmatamento e o agronegócio.
Em maio, a ANA declarou situação crítica de escassez de recursos hídricos na Bacia do Paraguai.
“Pela primeira vez estamos com o Pantanal completamente seco no primeiro semestre”, declarou Rodrigo Agostinho, presidente do IBAMA.
Fogo recorde não é exclusividade do Pantanal
Ainda seguindo a linha de previsão do estudo da ANA, a seca extrema na Amazônia também já é uma realidade.
Nos primeiros seis meses de 2024, a Amazônia registrou 13.489 focos de incêndio: trata-se do pior primeiro semestre no bioma em 20 anos, um aumento em 61% somente em comparação a 2023.
A Amazônia enfrenta, desde meados de 2023, uma das piores estiagens da história, que intensifica os incêndios florestais em diversos países amazônicos, como Brasil, Peru e Bolívia, sendo que este último chegou a pedir auxílio ao Brasil para combater seus incêndios.
O índice de seca na Bacia Amazônica é o pior em pelo menos duas décadas. Em julho, a ANA declarou situação crítica de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus.
Ainda de acordo com dados coletados pela InfoAmazônia, nove em dez Territórios Indígenas da Amazônia estão sofrendo com a seca, levando também ao isolamento dessas populações e à dificuldade em conseguir alimentos e água.
Adaptação
Diante dos dados, o próximo passo – que deve ser feito o mais breve possível – deve ser a criação de planos de adaptação, visando preparar as cidades e comunidades do país para o que já está por vir – e o que já está ocorrendo.
Atualmente, o governo federal trabalha na construção do Plano Clima, que guiará a política climática do país até 2035.
“Nós transformamos a natureza em dinheiro e agora temos que transformar dinheiro em restauração e preservação da natureza se quisermos continuar vivendo”, disse Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
A ideia é que o Plano tenha uma construção colaborativa, com a participação do povo, por meio da ferramenta Brasil Participativo.
Fonte: ninja
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