DO OC – Estudo publicado pela revista Nature estimou que a maioria das crianças que hoje têm até cinco anos de idade irão testemunhar eventos climáticos extremos em uma proporção sem precedentes ao longo de suas vidas.
No cenário mais otimista, em que a humanidade cumpre a meta base do Acordo de Paris e contém o aquecimento global a 1,5° C até 2100, 52% das pessoas nascidas em 2020 terão de conviver com ondas de calor inéditas.
No caso de um aumento de 2,7° a 3,5° C no mesmo período – compatível com as atuais políticas de combate às emissões de gases estufa -, a estimativa é que 92% das pessoas nessa faixa etária possam enfrentar o mesmo destino.
Liderado por pesquisadores da Vrije Universiteit (Bruxelas), o estudo foi feito em parceria com a organização não-governamental britânica Save the Children e considerou em seu recorte demográfico os nascidos de 1960 a 2020.
O risco inerente a cada grupo etário foi calculado levando em conta seis tipos de eventos extremos: ondas de calor, enchentes, secas, quebras de safra agrícola, ciclones tropicais e incêndios florestais.
Para definir o que seria uma “Exposição Vitalícia sem Precedentes” (chamada no estudo pela sigla ULE, do inglês Unprecedented Lifetime Exposure), os pesquisadores tomaram como referência uma proporção extremamente rara, que só teria chance de ocorrer uma vez a cada 10 mil em um mundo pré-industrial.
“À medida que a frequência desses seis extremos climáticos aumenta com o aquecimento, também aumenta a parcela de pessoas que enfrentará uma exposição vitalícia sem precedentes a esses eventos”, aponta o estudo.
Quando submetidos ao recorte socioeconômico, os dados revelaram um panorama ainda mais complexo para as crianças de baixa renda. Por terem menor capacidade de adaptação, populações economicamente vulneráveis estão mais sujeitas a vivenciar eventos extremos do clima.
Considerando os nascidos em 2020, 92% do grupo de baixa renda poderá enfrentar uma exposição vitalícia sem precedentes, ante 79% para a parcela de alta renda, se mantidas as atuais políticas.
“Isso ressalta o risco desproporcional enfrentado por comunidades em situação de privação diante dos extremos climáticos passados e futuros”, aponta o estudo, que também cita as crianças das regiões tropicais como mais vulneráveis.
Alcançar ao menos a meta de Paris, segundo os pesquisadores, seria o suficiente para livrar 613 milhões de crianças nascidas entre 2003 e 2020 de uma escalada sem precedentes de ondas de calor. No caso das enchentes, 64 milhões seriam poupadas.
“Nossos resultados clamam por reduções profundas e sustentadas nas emissões de gases de efeito estufa para diminuir o fardo das mudanças climáticas sobre as atuais gerações jovens.” (RODRIGO VARGAS)
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