O número de novas infecções por COVID-19, ou novo coronavírus, fora da China ultrapassou as do país pela primeira vez, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) .
“Os repentinos aumentos de casos na Itália, no Irã e na Coreia do Sul são profundamente preocupantes”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um briefing em Genebra nesta quarta-feira (26).
Ele afirmou que agora existem casos relacionados ao Irã em Bahrein, Iraque, Kuwait e Omã e à Itália em Argélia, Áustria, Croácia, Alemanha, Espanha e Suíça.
“Ontem, uma equipe conjunta de OMS e Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças chegou a Roma para revisar as medidas de saúde pública que foram implementadas e fornecer suporte técnico”, informou ele, dizendo que no fim de semana uma equipe da OMS viajará ao Irã para oferecer apoio.
Um dos maiores desafios que a agência de saúde da ONU enfrenta é que muitos países afetados ainda não estão compartilhando dados com a OMS.
“A OMS não pode fornecer orientações apropriadas de saúde pública sem dados desagregados e listas detalhadas”, disse Ghebreyesus. “Estamos nos comunicando diretamente com os ministros, há algumas melhorias e instamos todos os países a compartilhar esses dados com a OMS imediatamente”.
Não é uma pandemia
O aumento de casos fora da China levou alguns meios de comunicação e políticos a pressionar pela declaração de uma pandemia.
“Não devemos estar ansiosos demais para declarar uma pandemia sem uma análise cuidadosa e clara dos fatos”, sustentou, lembrando que a OMS já declarou seu nível mais alto de alarme: uma emergência de saúde pública de interesse internacional.
“Usar a palavra pandemia de maneira descuidada não traz benefícios tangíveis, mas apresenta um risco significativo em termos de amplificação de medo e estigma desnecessários e injustificados e sistemas paralisantes”, explicou. “Isso também pode indicar que não podemos mais conter o vírus, o que não é verdade”.
O chefe da OMS afirmou que a luta pode ser vencida “se fizermos as coisas certas”.
Embora afirme que “não hesitaremos em usar a palavra pandemia, se for uma descrição precisa da situação”, Ghebreyesus disse que a OMS está monitorando a epidemia o tempo todo e envolvendo especialistas sobre esse assunto e que não testemunhou transmissão comunitária sustentada e intensiva deste vírus, nem doença grave ou morte em larga escala”.
A China tem menos de 80 mil casos em uma população de 1,4 bilhão de pessoas. No resto do mundo, existem 2.790 casos, em uma população de 6,3 bilhões.
“Não estou subestimando a seriedade da situação ou o potencial para que isso se torne uma pandemia … todos os cenários ainda estão na mesa.”
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