O Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH) começou a trabalhar no último dia 16 de outubro no fortalecimento da estabilidade política e da boa governança através do apoio a um diálogo nacional inclusivo.
Iniciada em 2004, a manutenção de paz da ONU no Haiti começou com a Missão de Estabilização das Nações Unidas, MINUSTAH, estabelecida em resposta a uma situação de política e segurança em deterioração. Concluída em 2017, a MINUSTAH foi seguida pela Missão das Nações Unidas para Apoio à Justiça no Haiti (MINUJUSTH) que, ainda que menor, apoiou o reforço da Polícia Nacional do Haiti, instituições do Estado de Direito e a promoção dos Direitos Humanos.
“Este capítulo, que chega ao fim hoje, foi marcado por sucessos compartilhados com a população do Haiti, a tragédia do terremoto de 2010 e por lições sobre o que deveríamos ter feito melhor. Hoje, devemos pensar juntos em todos esses aspectos: eles são a base sobre a qual podemos entrar na próxima etapa da parceria do Haiti com as Nações Unidas ”, disse Jean-Pierre Lacroix, chefe de Operações da Paz das Nações Unidas, ao informar aos embaixadores sobre os principais desenvolvimentos e realizações durante o período. “A ONU está virando a página da manutenção da paz no Haiti, mas não estamos fechando o livro de apoio das Nações Unidas”, concluiu.
As duas missões de manutenção da paz da ONU contribuíram para o progresso do Haiti, incluindo melhorias no policiamento, fortalecimento do judiciário e realização de programas comunitários de redução da violência.
Embora as Nações Unidas tenham criado um ambiente propício para a consolidação dos processos políticos e democráticos no Haiti, Lacroix disse que mais soluções políticas são necessárias.
O Haiti enfrenta atualmente uma crise política, com milhares de pessoas saindo às ruas nas últimas semanas exigindo a renúncia do presidente Jovenel Moïse. Segundo estimativas da ONU, pelo menos 30 pessoas foram mortas desde meados de setembro. O presidente fez um apelo ao diálogo nacional e à formação de um governo unificado, mas como condição prévia para as negociações, grupos de oposição pedem que renuncie.
“Incentivamos o governo do Haiti a continuar um diálogo pacífico que resulte em um governo parlamentar e que fortaleça o estado de direito e as instituições anticorrupção. Da mesma forma, encorajamos as partes políticas, econômicas e da sociedade civil do Haiti a trabalharem pacificamente para enfrentar os desafios econômicos e sociais mais urgentes que o país enfrenta ” pontuou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Kelly Craft, ao afirmar que um diálogo nacional inclusivo é crucial.
Legado – O novo Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH) continuará trabalhando com o governo e parceiros em antigas questões herdadas do período de manutenção da paz, como a eliminação da cólera e a abordagem de casos de exploração e abuso sexual, incluindo casos de paternidade.
O encarregado de negócios da Missão do Haiti na ONU, Patrick Saint-Hilaire, falou sobre a necessidade de treinamento contínuo para as forças de segurança, que também exigem equipamentos adequados e outros recursos.
“É urgente que a autoridade do estado seja restaurada de forma ilimitada e sem derramamento de sangue em todas as áreas, que infelizmente são descritas como não estando sob o Estado de Direito”, afirmou.
O novo escritório significa uma transição da manutenção para a construção da paz, e terá como referência os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Por exemplo, a polícia nacional e instituições relacionadas, assim como as corretivas e de justiça, irão operar sob melhores estruturas legais e mecanismos de supervisão, alinhadas com o objetivo de desenvolver e promover sociedades pacíficas e inclusivas.
“O progresso no Haiti dos últimos 15 anos é considerável, mas as conquistas de estabilidade ainda são frágeis e precisam estar mais profundamente enraizadas na democracia e no desenvolvimento”, declarou Lacroix. “O início das operações do BINUH é uma renovação do Compromisso da ONU com a estabilidade e a prosperidade do Haiti”, acrescentou.
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