Deputados federais da 56ª legislatura (2019-2022) usaram seu mandato e poder de articulação para agravar a crise climática. De 165 votações relevantes identificadas no período no Congresso Nacional, em mais da metade (93) foram aprovadas propostas que ampliam as emissões de gases de efeito estufa.
Os dados são de uma pesquisa inédita conduzida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem), da Universidade Federal do Paraná, e foram divulgados pela agência Bori .
O trabalho resultou na criação do Índice de Carbono da Atuação Parlamentar (CO2-Index), ferramenta que leva em conta votações, discursos e projetos de lei para estabelecer um ranking de parlamentares emissores e mitigadores, ou seja, que buscam reduzir as emissões.
“Fica evidente que o Congresso teve um comportamento mais emissor que mitigador no que se refere aos deputados da 56ª legislatura”, disse o pesquisador Mateus de Albuquerque, que coordena o levantamento.
Além das ações diretas no plenário (foram considerados 2.453 projetos de lei, 617 votações nominais e 370 proposições legislativas), o índice foi construído com os dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), iniciativa do Observatório do Clima que monitora emissões de gases de efeito estufa na América Latina.
“Usamos os dados de emissão líquida de cada setor para atribuir pesos às ações legislativas. Isso é uma forma de atribuir, mesmo que de forma estimada, impacto climático na ação parlamentar. Sem o SEEG, esse índice não existiria”, afirmou.
A análise conjunta dessas informações permitiu concluir que os maiores emissores se encontram à direita do espectro político.
“Assim como o setor de mudança de uso da terra é hoje o mais emissor no Brasil, parlamentares ligados a frentes diretamente associadas a esse setor (agropecuária e mineração) também tendem a ter um comportamento mais emissor.“
Pelos critérios e pontuações adotados, os deputados Paulo Ganime (RJ) e Alexi Fonteyne (SP), ambos do NOVO, e Kim Kataguiri (SP), então no Democratas e atualmente no União Brasil, foram os parlamentares que mais contribuíram para o aumento de emissões.
Na ponta oposta do ranking, despontaram como mitigadores os petistas Nilto Tatto (SP) e Erika Kokay (DF), além do atual presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, do PSB-SP.
“Um dado curioso é a existência de mais outliers (pontos fora da curva) mitigadores do que emissores, o que indica a presença de uma bancada ambiental aguerrida e atuante”.
De acordo com o pesquisador, um artigo com os principais achados está sendo preparado para publicação. O banco de dados, porém, está disponível em CO2-Index: Atmospheric Gas Emission Index in the Legislative Activity of Brazilian Deputies (2019-2022) – Harvard Dataverse. (RODRIGO VARGAS)
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O post “Congresso se empenhou para agravar a crise climática de 2019 a 2022, mostra estudo” foi publicado em 30/04/2025 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima