Depois de quase duas semanas de combates no nordeste da Síria, agências humanitárias da ONU estimam que cerca de 180 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas ou abrigos, incluindo 80 mil crianças, todas necessitando desesperadamente de assistência .
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou nesta terça-feira (22) que, apesar de um cessar-fogo instável de cinco dias, ataques aéreos e uma ofensiva terrestre lançada pela Turquia em 9 de outubro, tendo como alvo áreas curdas na fronteira, teve um “significativo impacto humanitário”.
De acordo com notícias publicadas nesta terça-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que suas forças retomariam a ofensiva, a menos que os combatentes curdos se retirassem completamente da área de fronteira até o final do dia.
Os curdos forneceram a maioria dos combatentes para uma coalizão liderada pelos Estados Unidos que expulsou terroristas do Estado Islâmico da região. Mas a Turquia considera os curdos terroristas, tendo interrompido brevemente sua ofensiva a pedido dos EUA.
A infraestrutura civil essencial foi danificada, informou o OCHA, explicando que, além de uma estação de abastecimento de água que agora é inoperável devido a danos na linha de energia, pelo menos quatro instalações médicas foram afetadas. “Neste contexto, as necessidades humanitárias continuam a crescer”, disse o OCHA.
“A estação de água de Alouk, que atende quase meio milhão de pessoas na cidade de Al-Hassakeh e nos campos de deslocados nos arredores, ficou fora de serviço nos últimos dez dias”, explicou o escritório. Mas com a ajuda do Crescente Vermelho Árabe Sírio (SARC), juntamente com especialistas em água e eletricidade, reparos temporários conseguiram fazer com que água segura fluísse novamente.
A partir de terça-feira, cerca de metade das pessoas afetadas pela crise da água terá acesso ao suprimento potável, enquanto o restante terá acesso nas próximas horas e dias — resultado de duas missões consecutivas para reparar as linhas de energia danificadas.
Ao retornar de uma visita ao nordeste da Síria, Iman Riza, que chefia a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no país, disse que a retomada do fornecimento de água “evitará um problema humanitário mais sério para os moradores da região”.
A ONU e seus parceiros estão ampliando a assistência para salvar vidas, apesar dos contínuos obstáculos de segurança. Alimentos e cobertores estão sendo distribuídos a cerca de 580 mil civis nas províncias de Raqqa e Hasakeh, e estão sendo feitos esforços para fornecer serviços essenciais, em preparação para o início do inverno.
Ações do ACNUR
As chegadas de refugiados ao norte do Iraque continuam. O ACNUR estima que mais de 7,1 mil refugiados chegaram desde segunda-feira passada (14). A maioria está abrigada no campo de Bardarash, cerca de 140 km a leste da fronteira Iraque-Síria.
A maioria dos refugiados sírios vem de cidades e vilas do nordeste do país, e três em cada quatro são mulheres e crianças, incluindo crianças desacompanhadas. Alguns refugiados, especialmente crianças, precisam de primeiros socorros e apoio psicossocial, pois fogem com medo em meio ao conflito. Alguns testemunharam explosões e bombardeios. Os refugiados com parentes que moram na área podem deixar o acampamento e se juntar a suas famílias.
O ACNUR e parceiros, juntamente com as autoridades locais, estão fornecendo uma gama de serviços que começam na fronteira. Isso inclui recepção, fornecimento de refeições quentes, transporte para o campo, serviços de registro, abrigo e proteção. As equipes também realizam monitoramento de fronteira, proteção infantil e identificação de crianças desacompanhadas e pessoas com necessidades específicas nos centros de recepção.
O campo de Bardarash conta com rede de água e esgoto e com uma rede elétrica. Essas redes precisam de expansão à medida que mais refugiados chegam ao campo. O campo possui um centro de recepção, um centro de registro e unidades de armazenamento para suprimentos humanitários. O Conselho Local de Ajuda e Assuntos Humanitários, parceiro do ACNUR, está encarregado da gestão do campo.
O ACNUR está trabalhando com outras agências em apoio à resposta liderada pelas autoridades locais para prestar assistência e serviços.
Antes das chegadas mais recentes, cerca de 228 mil refugiados sírios encontraram refúgio no Iraque, forçados a deixar suas casas por causa de mais de oito anos de conflito e destruição na Síria.
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