DO OC – Apesar dos avanços em energias renováveis e descarbonização em vários países, as emissões globais de CO2 de origem fóssil deverão registrar um aumento de 1,1% em 2025, alcançando um volume recorde de 38,1 bilhões de toneladas.
O resultado praticamente inviabiliza a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, diz o relatório Global Carbon Budget 2025 , apresentado em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (13) na COP30, em Belém (PA).
Produzido pela Global Carbon Project, iniciativa que reúne mais de 130 cientistas de todo o mundo, o documento descreve um cenário crítico, no qual um aquecimento de 1.7º C passa a ser o objetivo mais plausível a ser perseguido.
“Provavelmente é tarde demais para 1,5º C. Fundamentalmente precisamos que as emissões de combustíveis fósseis e também as mudanças no uso da terra diminuam. E elas não estão diminuindo”, disse Stephen Sitch, pesquisador da Universidade de Exeter (Reino Unido) e um dos participantes do estudo.
Em entrevista ao OC, Sitch reconheceu não ser portador de boas notícias durante a conferência, mas disse enxergar sinalizações positivas que o mantém esperançoso, apesar do quadro atual.
Segundo ele, os indicadores mostram que 35 países, responsáveis por um quarto das emissões globais, conseguiram reduzir suas emissões na última década, ao mesmo tempo em que mantiveram suas economias crescendo.
“À medida que expandimos as energias renováveis e reduzirmos o desmatamento, temos uma chance”, afirmou.
Ele citou o Brasil entre os exemplos positivos em razão da redução de 16,7% nas emissões brutas de gases de efeito estufa em 2024 , a segunda maior da história.
“O Brasil nos deu um bom sinal este ano ao cortar as emissões pelo desmatamento. Isso também é muito positivo para salvar a floresta tropical, que é também vital por fornecer um sumidouro de carbono”, avaliou.
A geógrafa brasileira Thais Rosan, também da Universidade de Exeter, participou da coletiva em Belém e também destacou as possibilidades de reversão da tendência de crescimento nas emissões nos próximos anos.
Considerando o volume de CO2 que ainda seria possível lançar à atmosfera antes de cada meta de aquecimento ser superada, ela disse que o mundo ainda teria de 12 a 13 anos, mantendo a taxa atual, para superar o marco de 1,7º C.
“Se realmente reduzirmos e atingirmos as metas de emissões que possuímos, podemos sim tentar controlar e manter o aquecimento nessa faixa”, afirmou.
China
De acordo com o estudo, o aumento nas emissões fósseis em 2025 foi percebido em todos os combustíveis: carvão (0,8%), petróleo (1%) e gás natural (1,3%).
No recorte por países, o documento projeta mais poluição nos EUA (1,9%), Índia (1,4%), a China (0,4%) e União Europeia (0,4%), e queda no Japão (- 2,2%).
No caso chinês, foi identificado um crescimento mais lento do que em anos anteriores, embora ainda não seja possível concluir que seja um movimento concreto de redução nas emissões.
“Frequentemente discutimos se a China, que é a campeã de emissões, está atingindo o pico e acho que precisamos de alguns anos para realmente ver se esse é o caso. Há bons sinais por lá. Você tem uma expansão massiva em energias renováveis, solar e eólica. Vemos uma redução nas emissões do transporte privado, relacionada à expansão de veículos elétricos. Então esperamos que a China comece a reduzir sua curva nos próximos anos”, avaliou Sitch.
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O post “Com novo recorde de emissões em 2025, meta de 1,5º C é praticamente inviável, diz estudo” foi publicado em 17/11/2025 e pode ser visto originalmente na fonte Observatório do Clima
