DO OC – A concentração de dióxido de carbono na atmosfera global teve em 2024 o maior salto anual já registrado desde o início das medições em 1957.
Os dados constam de relatório divulgado nesta quarta-feira (15 ) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão das Nações Unidas.
De acordo com o documento, a média global de CO2 na superfície aumentou em 3,5 partes por milhão (ppm) no ano passado em relação a 2023 e chegou a 424 ppm, superando o recorde de 2015 a 2016, quando foi verificada uma elevação de 3,3 ppm.
O resultado é atribuído no estudo a uma combinação da queima de combustíveis fósseis em níveis elevados, aumento das emissões por incêndios florestais e a queda na eficácia dos sumidouros naturais de carbono terrestres e oceânicos.
“À medida que as temperaturas globais aumentam, os oceanos absorvem menos CO2 devido à diminuição da solubilidade em temperaturas mais altas. Secas extremas podem se tornar mais frequentes e colocar florestas e pastagens globais sob estresse, o que também pode reduzir a absorção líquida de CO2”, aponta o documento, em um trecho.
Esse enfraquecimento, qualificado no estudo como um possível “feedback climático”, teria sido responsável pelo equivalente a 1,1 ppm/ano adicional no crescimento de CO2 em comparação com 2023. Já as emissões globais de CO2 fóssil ficaram quase estáticas durante 2023–2024 no nível recorde de 10,2 ± 0,5 GtC/ano.
“Há uma preocupação significativa de que os sumidouros de CO2 terrestres e oceânicos estejam se tornando menos eficazes, o que aumentará a fração de CO2 antropogênico que permanece na atmosfera, acelerando assim o aquecimento global.”
De 2023 a 2024, o clima global esteve sob a influência do El Niño, fenômeno climático natural que aquece a superfície do oceano no Pacífico tropical central e oriental. Reforçado pelas mudanças climáticas, o cenário levou ao ano mais quente já registrado, com a temperatura média global superando pela primeira vez a marca de 1,5º C em relação ao período pré-industrial.
“A maioria da anomalia de 2024 surgiu da diminuição das absorções líquidas de carbono pelo ecossistema e do aumento das emissões por incêndios”, diz o estudo.
Em relação aos incêndios, a OMM destaca o fato de as emissões nas Américas terem alcançado níveis históricos em 2024, com recordes nos Estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul e as emissões mais altas das últimas duas décadas para a Amazônia brasileira.
“A maioria das emissões de carbono por incêndios florestais está na forma de CO2, então a intensidade dos incêndios teve um impacto considerável na taxa de crescimento do CO2 em 2023–2024 e influenciará significativamente seu crescimento futuro por causa do impacto dos incêndios no uso da terra, o que, por sua vez, afetará o sumidouro líquido de CO2 terrestre”, aponta o estudo.
As emissões atuais de CO2 continuarão a afetar o clima global por milênios, alerta a OMM.
“A absorção mais lenta das emissões antropogênicas de CO2 dentro do ciclo global do carbono é exacerbada pela absorção lenta de calor pelos oceanos profundos, de modo que, uma vez que o CO2 é emitido para a atmosfera, ele afeta o clima indefinidamente. A ação climática precisa urgentemente se concentrar na redução das emissões de CO2 de combustíveis fósseis, que representam a grande maioria das emissões globais de gases de efeito estufa”.
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O post “CO2 na atmosfera tem maior salto já medido” foi publicado em 15/10/2025 e pode ser visto originalmente na fonte Observatório do Clima